Terça-feira, 21 de outubro de 2025

Exportações brasileiras respondem por um terço do PIB de 2022

Com alta de 5,5% nas exportações e de 0,8% nas importações, o setor externo deu novamente contribuição positiva para a variação do PIB de 2022, com adição de 0,9 ponto percentual à alta de 2,9% do indicador total em relação a
2021, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE. Mesmo com desaceleração global esperada para 2023, economistas acreditam que o setor externo deve ajudar o PIB também este ano, mas há divergências sobre o tamanho da contribuição.

Para o economista Livio Ribeiro, sócio da BRGC e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a ajuda do setor externo, que pelas suas contas foi de cerca de 1 ponto percentual para o
PIB em 2022, pode cair para 0,3 ponto percentual este ano dentro de um PIB total que deve avançar 0,4%.

Já Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, estima que a exportação líquida, que pelos seus cálculos contribuiu com 1,3 ponto percentual para o PIB de 2022, deve ter contribuição positiva em 2023 com 1 ponto percentual dentro de um PIB total que crescerá 1% neste ano.

Pelas projeções de Ribeiro, a exportação como componente do PIB deve crescer 3% este ano, o que já incorpora um cenário de desaceleração global. Ele destaca que discorda da “narrativa de que a China vai explodir e vai e consumir tudo de todo mundo” como resultado do fim da política de “covid zero”. Para a importação, a expectativa é de crescimento de 1,1%.

Há, porém, diz o economista, uma “bela incerteza” no cenário de 2023. Parte disso pelo comportamento da importação no último trimestre de 2022, que ele considerou surpreendente. O resultado nos últimos três meses do ano passado levou a uma leve alta de importação em 2022 contra 2021 enquanto a expectativa de Ribeiro era de pequena queda. Já as exportações em 2022 vieram em linha com o esperado pela consultoria.

Além disso, há um fator base, explica. No primeiro trimestre de 2022, lembra, a importação caiu 10,6% contra igual período de 2021. “Criou-se uma base que vai jogar o crescimento de 2023 para cima ao menos no primeiro trimestre
[no mesmo critério de comparação]. Então é preciso ver qual será o tamanho disso e como vai se combinar com os outros trimestres. Por enquanto isso sugere que tem mais importação.”

Outro fator, diz, é que o atual governo está dando sinais claros de que prioriza absorção interna – a soma do consumo das famílias e do governo e os investimentos –, o que favorece importações. “O que está se dizendo
implicitamente é que para um dado nível de PIB, nós teremos déficits em conta corrente maiores e contribuições mais negativas do setor externo.” O efeito, diz, deve ficar mais claro em 2024, para quando Ribeiro estima
contribuição negativa do PIB em 0,2 ponto percentual para um PIB total que deve crescer 0,7%.

Fabio Silveira, sócio diretor da MacroSector, também acredita numa contribuição positiva, mas menor, do setor externo para o PIB de 2023. As exportações, diz, devem crescer 3%, inibidas pelos efeitos do aperto monetário global nos preços da commodities. As importações devem ficar estáveis em relação ao ano passado. Ele estima alta de 1% do PIB neste ano.

Nas contas de Vale, da MB, a exportação crescerá 5,2% em 2023 impulsionada por esperada safra recorde de grãos. As importações devem subir só 0,6% em convergência com a desaceleração geral da atividade. A exportação líquida,
diz, contribuirá com 1 ponto percentual em 2023 para uma demanda doméstica que ficará estável, já considerando variação de estoques. Como resultado, a estimativa para o PIB de 2023 é de alta de 1%.

Uma questão importante, diz Vale, é que no passado, quando a desaceleração da demanda doméstica se deu por choques externos, usou-se fortemente a política fiscal para retomada. Mas quando aconteceu por condições
internas, a retomada baseou-se em ajustes na política econômica, trazendo arcabouço fiscal de equilíbrio. A desaceleração atual tem muito mais componentes domésticos do que externos e a leitura de como o governo
reagirá a essa queda será essencial aos próximos anos, diz.

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