Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de novembro de 2025
As exportações da indústria gaúcha para os Estados Unidos recuaram 34% nos últimos três meses, período em que vigoram as tarifas de 50% impostas pelo governo americano sobre produtos brasileiros.
O valor embarcado somou US$ 299,6 milhões, representando uma redução de US$ 154,4 milhões em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (11) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs).
A retração atingiu todos os ramos industriais com destino ao mercado norte-americano, mas alguns setores foram especialmente penalizados. Processamento de tabaco (-69,2%) e armas e munições (-69,2%) responderam, juntos, por quase 20 pontos percentuais do impacto total. Em seguida aparece o setor de transformadores e conversores, com queda de 50,8%.
O impacto é ainda mais expressivo quando se analisam apenas os dois meses completos sob vigência das tarifas – setembro e outubro. Nesse período, as exportações somaram US$ 171,2 milhões, uma retração de US$ 125 milhões (-42,2%) em comparação ao mesmo bimestre de 2024. Somente em outubro, as vendas externas caíram 30%, totalizando US$ 87,9 milhões.
Para o presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, o cenário evidencia a gravidade do impasse comercial e a urgência em uma retomada dos padrões tarifários habituais.
“O industrial gaúcho está sentindo na pele os efeitos dessas tarifas. Isso significa margens mais apertadas e queda no faturamento das fábricas, empregos em risco e perda de competitividade. Os governos precisam agir com urgência, sentar-se à mesa e encontrar uma solução rápida e equilibrada”, afirmou Bier.
Apesar da forte queda no mercado americano, o desempenho geral da Indústria de Transformação do Estado foi positivo em outubro. As exportações do setor, considerando todos os destinos, alcançaram US$ 1,6 bilhão, um avanço de US$ 65,1 milhões (4,3%) em relação ao mesmo mês de 2024.
No acumulado do ano, as exportações seguem em trajetória de crescimento, ainda que com sinais de desaceleração a partir do segundo semestre. No primeiro trimestre de 2025, o aumento foi de 5,8% sobre 2024, impulsionado pelos resultados de janeiro (8,6%) e fevereiro (6,8%). Entre julho e setembro, o avanço foi modesto (1,4%), sustentado por julho (3,5%) e setembro (5,4%), mas afetado pela retração de agosto (-5,4%).
De janeiro a outubro de 2025, as exportações totalizaram US$ 13,7 bilhões, um crescimento de 3,8% frente ao mesmo período de 2024.
A análise setorial mostra que 15 dos 23 segmentos industriais registraram alta em outubro. Os principais destaques foram Tabaco (69,7% | 8,2 pontos percentuais), Alimentos (22,6% | 6,4 p.p.) e Veículos automotores (50% | 3 p.p.), que concentraram a maior parte do avanço. Já o segmento de Máquinas e equipamentos (-55,9% | -10,3 p.p.) exerceu o principal impacto negativo no resultado geral.