Sábado, 12 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de julho de 2025
Líderes de entidades setoriais e representantes do agronegócio e da indústria mostram perplexidade com a medida de Trump e projetam impacto nas duas economias. Representantes de diferentes setores exportadores demonstraram surpresa e lamentaram a tarifa de 50% sobre os produtos exportados pelo Brasil. Eles previram que o impacto será negativo também para os Estados Unidos.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que “não existe qualquer fato econômico que justifique uma medida desse tamanho, elevando as tarifas sobre o Brasil do piso ao teto”.
Em nota, o presidente da CNI, Ricardo Alban, afirmou: “Os impactos dessas tarifas podem ser graves para a nossa indústria, que é muito interligada ao sistema produtivo americano. Uma quebra nessa relação traria muitos prejuízos à nossa economia”.
Diferentes setores, do agronegócio à indústria, também se queixaram da decisão. O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) avaliou que a medida pode gerar impactos negativos para consumidores e para a própria economia americana.
“Os EUA são o país mais importante em termos de consumo de café, com cerca de 24 milhões de sacas por ano, e o Brasil é o principal fornecedor, com mais de 30% de participação no mercado”, disse o diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos.
O presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Haroldo Ferreira, definiu a tarifa como “um grande balde de água fria para o setor calçadista brasileiro”. A associação lembra que, em junho, o segmento registrou alta de 24,5% nas exportações ante igual mês do ano passado. O resultado foi impulsionado pelos EUA, principal destino, com crescimento de quase 40%.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) viu um “entrave ao comércio internacional” e ameaça à segurança alimentar global. Os EUA “recebem nossos produtos com qualidade, regularidade e preços acessíveis”, destacou.
A tarifa deve afetar principalmente as empresas do setor siderúrgico, segundo Malek Zein, analista de ações da Eleven Financial. Ele ponderou que é preciso analisar “caso a caso”, porque empresas brasileiras têm fábricas em outros países e podem exportar aos EUA a partir deles.
“O impacto está não só nos produtos plásticos vendidos diretamente como também nos outros produtos em que participamos do processo produtivo”, disse o presidente do Conselho da Associação Brasileira da Indústria do Plástico, José Ricardo Roriz.
“Exportamos US$ 4 bilhões e importamos US$ 12 bilhões. A decisão foi tomada não olhando o comércio internacional, mas por outras razões”, disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos.
“Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco nos Estados Unidos, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, disse o diretor executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto.
“Medidas unilaterais e intempestivas não servem aos interesses dos brasileiros ou dos estadunidenses”, disse, em nota, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).
(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)