Sábado, 08 de novembro de 2025

Exposição da Caixa com ataque ao presidente da Câmara dos Deputados aumenta insatisfação do Centrão e pode complicar agenda econômica

A exposição “O Grito!”, realizada na Caixa Cultural de Brasília desde o dia 17 provocou uma reação entre políticos da oposição e terminou com o suspensão antecipada da apresentação. A mostra faz críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e antigos integrantes de seu primeiro escalão. Em uma das obras, a senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF), o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), são representados dentro de uma lata de lixo, envolvida com as cores da bandeira nacional.

Diante da repercussão, a Caixa cancelou a exposição. Em nota, a instituição afirmou que o “viés político” do projeto fere as diretrizes do Programa de Ocupação dos espaços da CAIXA Cultural 2023/2024, por onde essas obras foram selecionadas, e que irá apurar a responsabilidade internamente.

Em agosto deste ano, a Caixa anunciou um investimento de R$ 30 milhões para o programa. Este montante foi dividido entre 132 projetos de teatro, dança, música, cinema, artes visuais e vivências, que receberam, em média, R$ 227 mil. Entre eles, a exposição “O Grito!”.

A imagem faz parte da coleção Bandeira, de Marília Scarabello, que faz críticas políticas e sociais por meio da arte. Após a suspensão da mostra, os perfis da artista nas redes sociais foram fechados.

Reação do Centrão

A colagem com imagens de Lira foi vista como um “ataque infantil” de petistas ao Centrão. Depois da reação, a Caixa suspendeu a exposição. O episódio gerou mal-estar até dentro do governo, que vê possível risco à relação que vem sendo construída entre a esquerda e o centro no Legislativo.

Um líder do Centrão diz que o governo precisa decidir. Ou pede apoio dos partidos e cumpre as promessas, ou diz logo que não quer e deixa a relação entre os dois lados mais clara.

A demora na definição sobre a troca da presidência da Caixa – um dos postos reivindicados pelo Centrão – já se arrasta por três meses.

Tudo isso pode acabar barrando a votação de projetos da agenda econômica. Lira chegou a prometer votações em plenário para esta terça-feira (24), mas líderes ligados a ele não demonstram a mesma disposição.

De volta ao Palácio do Planalto, o presidente Lula disse a interlocutores que deve se encontrar nesta semana com Arthur Lira para definir a mudança na Caixa – para onde seria nomeado alguém ligado ao deputado.

Essa troca foi prometida por Lula a Lira há mais de dois meses. Até hoje, não foi cumprida.

Com o presidente da República de volta ao trabalho e o presidente da Câmara de volta ao país, a expectativa do Centrão é de que o tema seja destravado.

A insatisfação entre aliados de Lira é crescente e a avaliação é de que, com a demora, o governo tenta consolidar a imagem de que o PP e outras siglas estariam “chantageando” o governo.

Repercussão

A escolha do projeto pela Caixa Econômica Federal gerou repúdio entre os parlamentares por contar com patrocínio do banco e do governo federal. A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) protocolou um requerimento de convocação ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para ele prestar esclarecimentos sobre o financiamento do evento.

Nas redes sociais, a bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) questionou o uso de dinheiro público em manifestações artísticas como essa: “Exposição paga com verba pública na Caixa Econômica ridiculizando o presidente da Câmara, Arthur Lira, Bolsonaro, Damares, Paulo Guedes…Vamos entrar com representação no TCU para investigar e punir esse absurdo”, afirmou.

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