Quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Exposição revela a verdadeira origem da bandeira do Rio Grande Sul

Setembro é o mês das comemorações da Revolução Farroupilha e traz aos gaúchos a oportunidade de conhecer a verdadeira trajetória do maior símbolo do estado que espalha suas cores em cada ponto de celebração: a bandeira do Rio Grande do Sul. Comprovado a partir de pesquisa científica, a origem do estandarte remonta ao período de preparação à Guerra dos Farrapos e seu autor é um revolucionário italiano com título de conde que escolheu morar em Porto Alegre na primeira metade do século 19. Toda a história é contada através da exposição “A bandeira Farroupilha de Tito Livio Zambeccari em uma tela histórica na Itália”, que segue até esta sexta-feira (26) na Câmara de Vereadores da capital, das 9h às 17h, com acesso livre para visitação.

A mostra é promovida pelo autor da pesquisa histórica, o professor doutor Edison Hüttner, integrante dos programas de Graduação e Pós-Graduação em História da Escola de Humanidades da PUCRS. Os estudos se iniciaram em 2011, incluindo a documentação oficial do governo Imperial, mas é desde 2024 que há a confirmação histórica de atribuir a criação da bandeira Farroupilha, antes de autoria desconhecida, à contribuição do italiano. A prova cabal é a que dá o título à exposição; uma tela pintada à óleo pertencente ao Museu Cívico do Risorgimento, localizado em Bolonha, na Itália. O quadro exibe em primeiro plano Zambeccari, colaborador direto da Revolução, e, ao fundo, a figura de um lanceiro negro montado a cavalo empunhando um estandarte nas cores verde, amarela e vermelha.

A obra de arte integra a exposição especial que está em cartaz no museu em Bolonha dedicada a Tito Livio Zambeccari, figura central do movimento de reunificação italiana e que depois partiu para a América do Sul onde juntou-se aos levantes liberais e republicanos no Uruguai e na Argentina até transferir-se para Porto Alegre. Foi ainda em Buenos Aires, em 1833, que a bandeira Farroupilha foi idealizada por Zambeccari, a pedido do comerciante de Porto Alegre Francisco Manoel Franco, que transportava mercadorias pelo Rio da Prata e já se encontrava no caldeirão de preparação da futura República Rio-Grandense. O desenho assinado por Zambeccari mostra o estandarte junto a um pé de erva-mate e foi deixado pelo próprio revolucionário no museu do Risorgimento antes de sua morte em Bolonha, em 1862, aos 60 anos.

“A bandeira verde, amarela e vermelha aparece na ponta da lança de um lanceiro negro montado a cavalo, representado na histórica tela pintada a óleo em Bolonha com Zambeccari. Essa foi a inspiração inicial de todas as nossas pesquisas, pois confirmou-se pela primeira vez a presença de um lanceiro negro portando uma bandeira com as cores farroupilhas. A imagem do lanceiro negro reforça o protagonismo desses combatentes na Revolução Farroupilha, aspecto de grande relevância histórica que merece ser celebrado e divulgado”, destaca o professor. “Além disso, o símbolo já era encontrado na indumentária dos soldados da revolução, como em botas de garrão de potro e nos arreios dos cavalos”, completa Hüttner, que também é membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, ressaltando ainda a repercussão da descoberta na imprensa italiana. 

Mostra itinerante

Com ampla formação educacional, Zambeccari foi naturalista, mas detinha, entre outros, conhecimentos artísticos, literários e políticos. Como geógrafo, fez a primeira planta baixa de Porto Alegre em 1833. O documento – que inclusive marca a residência de Manoel Franco na capital, certificando sua ligação com Zambeccari – é parte da exposição atual em Bolonha e uma réplica foi autorizada a compor a mostra na Câmara de Porto Alegre. 

Além de imagens da tela original, a exposição na Câmara de Porto Alegre contempla a pesquisa do professor, materiais de estudo e a história das versões da bandeira gaúcha, o perfil dos principais heróis farroupilhas e também personagens femininas que desempenharam importantes papéis, como Caetana Garcia, esposa do líder Bento Gonçalves e primeira-dama da breve República Rio-Grandense. Desde o final de 2024, após a inauguração na Famecos/PUCRS, a exposição tornou-se itinerante e passou por Camaquã, São José do Norte, Caxias do Sul e Alegrete, e depois segue para São Francisco de Assis e São Gabriel. 

A pesquisa completa poder ser conferida no seguinte neste repositório.

 

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Acontece

Outubro em Prata transforma Memorial do MP-RS em palco de memória, arte e dignidade
Ex-secretária de Canoas rebate acusações e diz que eutanásia de quase 500 animais seguiu critérios técnicos
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play