Sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 27 de novembro de 2023
 
	
			 
A Polícia Federal recebeu, em cooperação internacional com o FBI, uma troca de e-mails do ex-ajudante de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, com a Precision Watches, loja onde foi recomprado, ilegalmente, o Rolex do ex-presidente.
Na troca de mensagens, Cid informa à empresa que deseja fazer o pagamento em espécie e é avisado que, por se tratar de uma operação acima de US$ 10 mil, o comprador precisará assinar um documento. No e-mail, Cid afirma à loja que a pessoa que faria a compra seria o advogado Frederick Wassef.
A troca de e-mails contraria a versão apresentada por Wassef, como informou o portal G1. Em agosto, o advogado de Bolsonaro admitiu ter ido aos Estados Unidos para reaver o Rolex recebido pelo ex-presidente como um presente de Estado, mas negou ter sido orientado por Cid a fazer a operação.
Em sua confissão da recompra, o advogado mostrou um recibo no valor de US$ 49 mil. O Rolex foi vendido ilegalmente nos Estados Unidos pelo ex-ajudante Mauro Cid. Como se tratava de um presente de Estado, não poderia ser comercializado.
Quando a PF acessou o conteúdo do celular de Mauro Cid, também encontrou um rascunho de uma mensagem com uma pessoa chamada Chase Leonard, mesmo nome registrado no recibo do relógio adquirido por Wassef.
Na sua delação premiada, Cid afirmou que a venda ilegal do Rolex aconteceu por determinação de Bolsonaro, que se queixou de gastos com condenações judiciais, multas de motociatas, mudança do Palácio do Alvorada e transporte de seu acervo de presentes.
Acesso a depoimentos e mensagens
A Controladoria-Geral da União (CGU) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso aos depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, prestados na delação premiada com a Polícia Federal. O órgão de controle também requereu dados de conversa de WhatsApp do militar. O acordo de Cid foi homologado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A CGU investiga envolvimentos de servidores públicos nos casos de fraude em cartão de vacina do ex-presidente Bolsonaros, nas suspeitas sobre entrada irregular de joias da Arábia Saudita no Brasil, a atuação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no segundo turno das eleições do ano passado, além dos atos de 8 de janeiro.
Assinado pelo ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, o pedido foi enviado a Moraes, que é relator das investigações no Supremo.
A delação de Cid está sob sigilo. O tenente-coronel foi preso em maio deste ano pela Polícia Federal (PF), por suposta fraude em cartão de vacina de si próprio, sua família, além de Bolsonaro e sua filha Laura. Enquanto esteve preso, Cid — que foi um dos principais assessores de Bolsonaro durante seu mandato — se tornou peça chave nas investigações que envolvem seu ex-chefe.