Quarta-feira, 30 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 29 de julho de 2025
Imagine ser morta apenas por ser mulher. Parece impensável, mas essa é a realidade de milhares de brasileiras. O feminicídio, o assassinato motivado por ódio ou menosprezo à condição feminina, antecedido por violência doméstica e familiar, segue crescendo.
No Rio Grande do Sul, enquanto os homicídios em geral apresentam queda, os assassinatos por motivo de gênero aumentaram. Só até maio de 2025, pelo menos 30 mulheres foram vítimas desse tipo de crime. No mesmo período de 2024, foram 28. Pode parecer “pouco” para quem só vê números. Mas cada uma dessas vidas tinha nome, história, família. Nenhuma deveria ter morrido.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública confirma a gravidade: em 2024, quase 1.500 mulheres foram assassinadas no país apenas por serem mulheres, o maior número desde que o feminicídio foi reconhecido como crime. Não são estatísticas frias. São mães, filhas, amigas, vizinhas. Foram histórias interrompidas pela violência de gênero e por quem não soube aceitar o fim de um relacionamento.
Mesmo com delegacias especializadas, Patrulhas Maria da Penha, abrigos e medidas protetivas, o poder público e a sociedade seguem falhando em proteger quem tenta quebrar o ciclo de violência. E isso mostra que é imprescindível fortalecer as redes de apoio, a educação para a igualdade de gênero e as políticas emancipatórias que garantam autonomia.
Por isso, a recriação da Secretaria da Mulher no RS, cujo projeto já tramita na Assembleia Legislativa, é mais do que um formalismo. Ela representa uma conquista da sociedade para ampliar a proteção, acolhimento e políticas de enfrentamento à violência, com estrutura e orçamento capazes de promover políticas efetivas.
Feminicídio não é tragédia, é crime. Combatê-lo exige coragem e compromisso de toda a sociedade. É hora de transformar estatísticas em ações eficientes, leis em punições efetivas aos agressores e políticas em real proteção.
(Patrícia Alba é deputada estadual (MDB) e presidente da Comissão de Educação da ALRS)