Terça-feira, 24 de junho de 2025

Festa de 78 anos do ex-ministro José Dirceu, um dos alvos da lava Jato, reúne políticos, ministros e empresários

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu comemorou seu aniversário de 78 anos na quarta-feira (13) com o prestígio de quem já retornou à cena política. No discurso feito antes de partir o bolo, Dirceu defendeu a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, depois, mais um mandato para o PT, a partir de 2030.

Diante de ministros, deputados e senadores de vários partidos, ele também mandou recados na festa: disse que o PT não chegou ao governo com maioria no Congresso e, por isso, precisa entender a importância da aliança até mesmo com siglas de direita.

“O desafio agora é que, daqui a dez anos, o mundo vai ser tão outro que o nosso tempo é muito curto”, afirmou o ex-ministro. “Nós não temos mais 30, 40 anos. Nós temos dez anos para fazer as mudanças nas condições que estamos vivendo. Vocês sabem quais são as condições. Nós não chegamos ao governo com maioria no País. Nós chegamos ao governo pelas circunstâncias históricas do bolsonarismo.”

Dirceu recebeu os convidados à porta durante três horas e havia fila para cumprimentá-lo. Passaram por lá sete ministros: Fernando Haddad (Fazenda), José Múcio Monteiro (Defesa), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Nísia Trindade (Saúde), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência), Juscelino Filho (Comunicações) e Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos). O vice-presidente Geraldo Alckmin também compareceu.

A festa reuniu personalidades de espectros políticos diferentes, até mesmo do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de empresários, economistas e juristas, em uma casa do Lago Sul, bairro nobre de Brasília. A lista inicial era de 300 convidados, mas lá apareceram cerca de 500 pessoas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), foi um dos últimos a chegar. Estavam lá também o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, e o do Tesouro, Rogério Ceron.

Política econômica

Um dos mais animados era o suplente de senador Sílvio Costa (Republicanos). Pai do ministro de Portos e Aeroportos, Costa cobrava de Dirceu apoio a Haddad na disputa com o PT, que, numa resolução aprovada pelo Diretório Nacional, criticou o “austericídio fiscal”.

“Eu já estou fazendo isso”, respondeu Dirceu. “Falei até em covardia”. Costa insistiu: “Mas é preciso falar mais. Não é o pobre que vai no Congresso fazer lobby. Não dá para fazer distribuição de renda sem ajuste fiscal.”

Sem querer fazer muitos comentários na frente dos jornalistas, Dirceu abriu um sorriso. Em janeiro, o ex-homem forte de Lula disse que não adiantava o PT criticar Haddad porque a política econômica era do governo. “Quando o governo apresenta uma política, nosso papel é apoiar. No caso do Haddad, é quase uma covardia nós não darmos apoio total a ele”, argumentou o ex-ministro em um podcast do partido. “Hoje, o Brasil está muito politizado, em disputa político-cultural. E a direita está ganhando.”

Sucessão de Lira

Muitos também queriam saber quem Dirceu irá apoiar para a presidência da Câmara. “A decisão mais acertada do Arthur (Lira) foi ter deixado esse assunto para depois”, avaliou o ex-ministro, ao destacar que a eleição para o comando da Câmara e do Senado ocorrerá somente em fevereiro de 2025.

Minutos depois, porém, quem se sentou à mesa perto da piscina, ao lado de Dirceu, foi o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do União Brasil, que levou uma banda para tocar na festa. As músicas iam de MPB a rock. Um dos hits exibidos foi “Tempo Perdido”, de Legião Urbana.

Até agora, Elmar tem sido apontado como o nome favorito de Lira, mas há quem diga no Congresso e no Palácio do Planalto que a candidatura dele começou a desidratar. Pré-candidatos ao comando da Câmara, os deputados Marcos Pereira (Republicanos), Antônio Brito (PSD) e Isnaldo Bulhões (MDB) também circularam pelos salões da festa de Dirceu, assim como o deputado João Bacelar (BA), do PL de Bolsonaro.

Força política

Chefe da Casa Civil de Lula no primeiro mandato, de 2003 a 2005, Dirceu foi condenado e preso três vezes na esteira dos processos do mensalão e do petrolão. Em janeiro, a defesa do ex-ministro, comandada pelo advogado Roberto Podval, entrou com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para anular todas as suas condenações na Lava Jato. O caso está com o ministro Gilmar Mendes.

Na prática, a comemoração antecipada do aniversário de Dirceu – que completa 78 anos neste sábado, 16 – serviu para mostrar que, apesar de estar fora do governo, ele ainda tem muito poder.

 

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