Sexta-feira, 25 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 23 de abril de 2025
“A Fiergs apoia o projeto de construção do Porto Meridional e entende que esse empreendimento será decisivo para alavancar a economia do Rio Grande do Sul”, afirma o presidente da Federação das Industrias do RS, Claudio Bier. O dirigente conversou com o colunista e mostrou-se atualizado em relação aos desdobramentos do projeto. Claudio Bier evita criticar o estudo realizado por ambientalistas apontando questões que precisariam ser resolvidas no projeto do Porto Meridional. Ele considera importante o diálogo para resolver essas exigências.
Sobre um dos pontos que estaria preocupando os ambientalistas, a sobrecarga na Rota do Sol (RS-453) decorrente da futura demanda criada pelo Porto Meridional, Claudio Bier disse ao colunista que “essa sobrecarga proveniente da Serra na verdade já existe, mas utiliza a Rota do Sol para direcionar cargas para os portos de Santa Catarina”.
O dirigente da Fiergs está convicto de que o Porto Meridional trará uma logística complementar ao Estado e fará com que permaneçam no Estado cargas que atualmente são encaminhadas aos portos catarinenses.
Para Claudio Bier, “o Porto do Arroio do Sal não representa apenas um avanço estrutural, mas também uma vitória para todos os gaúchos”, completando que o porto “simboliza a recuperação econômica que almejamos, possibilitando um caminho mais próspero para o Rio Grande do Sul”.
O documento dos ambientalistas
Um documento firmado por ambientalistas se posiciona contra a construção do Porto Meridional e aponta para um verdadeiro apocalipse: risco de erosão costeira, contaminação marinha e atmosférica, risco à biodiversidade, colapso urbano e social e inviabilidade logística, e adverte para a interferência na vida marinha. A empresa responsável pelo projeto é a Porto Meridional Participações S.A., e já foi autorizada pela Antaq a construir e explorar o terminal na modalidade de Terminal de Uso Privado (TUP). O contrato de adesão foi firmado com o Ministério de Portos e Aeroportos em outubro de 2024.
Santa Catarina: seis portos marítimos
A valer o estudo dos especialistas em logística e meio ambiente que firmaram o documento, o Estado de Santa Catarina já teria se transformado em um deserto inóspito, com seus seis portos distribuídos na costa de 531 quilômetros: Porto de Itajaí, Porto de Itapoá, Porto de Navegantes (Portonave), Porto de São Francisco do Sul e o Porto de Imbituba. Isso deixa claro que a preocupação ambiental com o Porto Meridional se insere mais no lobby de interesses econômicos que deseja impedir o empreendimento no Litoral Norte do Rio Grande do Sul.
Prefeito Luciano Pinto menciona geração de empregos e cuidado ambiental
O prefeito de Arroio do Sal, Luciano Pinto da Silva. também conversou com o colunista sobre o tema, comentando que “fiquei impressionado com a ‘suposta preocupação’ destes professores de uma instituição pública federal, que faça sol ou faça chuva, no final do mês recebem seus excelentes salários em dia, mas esquecem de centenas de milhares de jovens e pais de famílias do nosso Estado que estão desempregados e que, quando conseguem comprar arroz, feijão, calçados ou roupas, estão ajudando a pagar os salários destes professores, pois os impostos (IPI, ICMS e outros) estão embutidos no preço destes produtos e com isso permitem que estes professores não tenham a preocupação com o desemprego e suas consequências sociais absolutamente maléficas”.
Prefeito aponta mais de 50 estudos técnicos e ambientais
Luciano Pinto aponta que sob o ponto de vista técnico, “são mais de cinquenta estudos no Termo de Referência que serão analisados pelos técnicos do IBAMA para, somente depois, aprovarem ou não as licenças ambientais, ou seja, estes ‘professores’ pagos por nós precisam ter no mínimo cautela antes de fazerem juízo de valor sobre as consequências que nos parece que eles querem demonstrar, mas que infelizmente já estão vindas contaminadas com um viés ideológico que sugerem que as baleias só ‘teriam problemas’ se passarem pelo futuro porto do nosso município, mas não teriam problema algum se passarem pelo porto de Rio Grande e pelos portos de Santa Catarina”.
O prefeito de Arroio do Sal menciona alguns pontos que dão a dimensão do projeto, como revolução logística para o Estado: profundidade de 17 metros, capacidade para navios de até 399 metros, movimentação de até 53 milhões de toneladas/ano, investimento total estimado em R$ 6,5 bilhões e previsão de geração de 7 mil empregos diretos e indiretos. A Associação do Aço do Rio Grande do Sul, que tem um importante polo na Serra gaúcha, avaliou que o setor pode ser bastante beneficiado com a construção do Porto Meridional em Arroio do Sal. Entre os filiados da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS) estão empresas como Randon, Marcopolo, Tramontina, ArcelorMittal e Gerdau.
Antônio Britto advertia para “a maldição do caranguejo”
O ex-governador Antônio Britto cunhou a expressão “maldição do caranguejo” para referir-se à histórica dificuldade de prosperarem no Rio Grande do Sul, novos empreendimentos. Mencionava um balaio de caranguejos:
“O Ciclo do Caranguejo: quando um quer sair do balaio, os outros se unem para puxar o ousado pra baixo”, afirmava.
* Instagram: @flaviorrpereira