Quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Fiergs vê avanços, mas aponta como insuficientes as medidas do governo Lula contra tarifas de Trump

Conforme a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), o plano anunciado pelo governo federal nesta quarta-feira (13) para mitigar os impactos das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, impostas pelos Estados Unidos, é necessário e relevante para dar fôlego às empresas afetadas, mas insuficiente para garantir a sustentabilidade dos negócios e preservar empregos.

Ainda conforme a entidade, a ausência de medidas trabalhistas concretas no plano é preocupante, uma vez que, somente no Rio Grande do Sul, milhares de postos de trabalho estão diretamente ameaçados.

A Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no Palácio do Planalto, prevê a liberação de R$ 30 bilhões em crédito para empresas afetadas, além de outras ações como reativação do programa Reintegra e prorrogação do prazo de regimes fiscais especiais como o Drawback, pleitos defendidos pela FIERGS desde o início do conflito comercial.

O presidente do Sistema Fiergs, Claudio Bier, afirma que ainda é preciso entender exatamente como as medidas irão funcionar, embora não sejam capazes de restabelecer a competitividade de entrada no mercado dos EUA.

“As medidas são paliativas, não resolvem o problema. Ainda precisamos de um plano para preservar os empregos. O governo, acima de tudo, deve manter o foco na negociação diplomática para reduzir as tarifas”, afirma.

Confira, ponto a ponto, as propostas e a avaliação da Fiergs:

– Linha de Crédito de R$ 30 bilhões: a entidade avalia que a iniciativa é positiva, mas manifesta preocupação com a exigência da manutenção de emprego para acesso às linhas, uma vez que nenhuma medida concreta foi anunciada para a preservação dos postos de trabalho.

– Ampliação do Reintegra: grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%. A Fiergs considera a medida relevante, especialmente porque dará fôlego às micro e pequenas indústrias.

– Drawback: a MP prevê prorrogar, por um ano, o prazo para que as empresas consigam exportar suas mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo regime. A entidade considera a medida positiva e de acordo com as expectativas da indústria.

– Fundos Garantidores de Exportações: serão liberados cerca de R$ 4,5 bilhões para os fundos garantidores de exportações para que as empresas tenham acesso ao crédito e seguro de exportação. Para ter acesso às linhas de crédito e seguro, no entanto, é preciso manter empregos. A Fiergs destaca a importância da medida, mas manifesta preocupação com o pré-requisito, uma vez que não há medidas claras do governo para preservar os empregos das indústrias afetadas.

– Compras governamentais: a medida é restrita e falta clareza na sua aplicação.

– Adiamento de tributos federais: a Receita Federal fica autorizada a fazer o adiamento de cobrança de impostos para as empresas mais afetadas pelo tarifaço pelos próximos dois meses. A Fiergs considera a medida relevante.

Segundo estudos da entidade, entre os cinco Estados que mais exportam para os Estados Unidos (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio Grande do Sul), o Rio Grande do Sul foi o que mais teve embarques atingidos pela tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump.

Aproximadamente 85% das exportações gaúchas para os Estados Unidos serão taxadas. Entre os ramos industriais, o de armas de fogo é o mais dependente dos EUA, destinando 85,9% de suas vendas ao País. Na sequência, aparecem os transformadores, com 79,3%. Em relação ao emprego, o ramo de calçados de couro, que envia 47,5% de sua produção para os norte-americanos, concentra o maior contingente de trabalhadores: 31,5 mil.

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