Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024

Filha de nigerianos é a nova líder do Partido Conservador britânico

O Partido Conservador do Reino Unido elegeu neste sábado (2) Kemi Badenoch, conhecida por suas posições “anti-woke”, como sua nova líder, substituindo Rishi Sunak, que renunciou após o desempenho desastroso do partido nas eleições gerais de julho.

Badenoch, de 44 anos, venceu a disputa contra o ex-ministro de imigração Robert Jenrick, conquistando 57% dos votos dos membros do partido. Ela se torna a primeira líder negra de um partido político de alcance nacional no Reino Unido. Ela declarou que é uma “enorme honra” assumir a posição, mas reconheceu que “a tarefa que temos pela frente é difícil.”

Badenoch enfatizou que o partido precisa ser “honesto sobre o fato de que cometemos erros” e que é “hora de recomeçar.” A ex-ministra das Igualdades, conhecida por seu estilo combativo, agora enfrenta o desafio de reunificar um partido enfraquecido e dividido, que foi afastado do poder em julho, após 14 anos de governo.

Como líder da oposição, Badenoch enfrentará o líder trabalhista Keir Starmer semanalmente na tradicional sessão de Perguntas ao Primeiro-Ministro na Câmara dos Comuns, embora com um grupo muito reduzido de parlamentares conservadores após o fraco desempenho nas urnas.

Além de restaurar a confiança do público, Badenoch também precisará conter a perda de apoio para o partido de direita Reform UK, liderado por Nigel Farage, uma figura proeminente do Brexit.

Defensora de uma plataforma conservadora e de direita, ela poderá enfrentar dificuldades com parlamentares centristas do próprio Partido Conservador.

Filha de pais nigerianos, Badenoch nasceu em Londres e foi criada em Lagos. Ela defende um retorno aos valores conservadores e critica o que vê como um desvio do partido para valores liberais em questões sociais, como identidade de gênero.

Durante a campanha, Badenoch causou polêmica ao sugerir que o pagamento de licença-maternidade obrigatório para pequenas empresas seria “excessivo”.

Ela também gerou críticas ao dizer, em tom de brincadeira, que 10% dos funcionários públicos britânicos “deveriam estar na prisão”. Em relação à imigração, Badenoch afirmou que “nem todas as culturas têm o mesmo valor” ao decidir quem deveria ter permissão para viver no Reino Unido.

Agenda woke

Segundo o dicionário americano Merriam-Webster, o termo woke é usado com desaprovação para referir-se a alguém politicamente liberal (em temas como justiça racial e social), especialmente de forma considerada insensata ou extremista.

Ou seja, para algumas pessoas, ser “woke” é ter consciência social e racial, questionando paradigmas e normas opressores historicamente impostos pela sociedade. Já para outros, o termo descreve hipócritas que acreditam que são moralmente superiores e querem impor suas ideias progressistas sobre os demais.

Os críticos da cultura “woke” questionam principalmente os métodos coercitivos adotados por pessoas que eles acusam ser “policiais da linguagem” — sobretudo em expressões e ideias consideradas misóginas, homofóbicas ou racistas.

Um método que vem gerando muito mal estar é o “cancelamento”: o boicote social e profissional, normalmente realizado por meio das redes sociais, contra indivíduos que cometeram ou disseram algo que, para eles, é intolerável.

Para as pessoas “woke”, trata-se de uma forma de protesto não violento que permite empoderar grupos historicamente marginalizados da sociedade e corrigir comportamentos, especialmente nos setores mais privilegiados que, até agora, eram parte do status quo e persistiam sem punição, nem mudança.

Mas os críticos afirmam que o cancelamento é a correção política levada ao extremo e que ele atenta contra a liberdade de expressão e “os valores tradicionais norte-americanos”.

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