Domingo, 19 de outubro de 2025

Flávio e Eduardo Bolsonaro se alinham contra o Supremo, mas têm posturas distintas com Centrão e aliados

Considerado no meio político o “mais moderado” da família, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) fez uma inflexão em seu discurso em relação à crise do tarifaço de Donald Trump. Após chegar a defender a suspensão das taxas, foi cobrado por aliados a engrossar a artilharia contra o Supremo Tribunal Federal (STF), que tem o irmão, Eduardo, como a voz mais eloquente. No entanto, enquanto o deputado tem mirado inclusive parlamentares e aliados, o senador busca manter pontes, especialmente com o Centrão, para uma possível candidatura presidencial em 2026.

A mudança de tom de Flávio foi vista por aliados como tentativa de não perder espaço dentro do seu grupo político no momento em que seu nome desponta como opção da direita na disputa pelo Palácio do Planalto. O filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro passou a ser citado, ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por serem nomes de confiança do pai — e, ao mesmo tempo, ter boa interlocução com partidos como PP, União Brasil e Republicanos.

Já Eduardo vem dividindo os ataques que faz ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, com críticas a parlamentares e governadores. Esta semana, ele contrariou um pedido de Bolsonaro e voltou a mirar em Tarcísio. Também fez postagens e declarações contra Romeu Zema (MG), senadores e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) (leia mais no box ao lado). Ontem, o deputado condicionou sanções americanas a Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), presidentes do Senado e da Câmara, a apoio a pautas bolsonaristas:

— O Davi Alcolumbre não está nesse estágio ainda, mas certamente está no foco do governo americano. Ele tem a possibilidade agora de não ser sancionado e não acontecer nada com o visto dele, se ele não der respaldo ao regime. E também o Hugo Motta, porque na Câmara dos Deputados tem a novidade da lei da anistia — disse o deputado. — Se o Brasil não conseguir pautar a anistia e o impeachment do Alexandre de Moraes, a coisa ficará ruim.

Férias interrompidas

A guinada de Flávio em relação ao tarifaço passou a ser notada na quarta-feira, quando interrompeu as férias na Europa após críticas por estar fora do país no momento em que seu pai era alvo de uma operação da Polícia Federal, na semana passada. No mesmo dia em que voltou ao país, o senador assinou um novo pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, responsável por impor restrições à atuação política do ex-presidente. O pedido, embora considerado inócuo por dificilmente prosperar no Senado, foi a senha de que Flávio passaria a atuar no enfrentamento à Corte.

Questionado sobre a mudança de tom, Flávio diz que, apesar do perfil conciliador, o atual contexto exige dele outra postura. O senador nega que sua atuação passe por cálculos eleitorais.

— Eu sempre fui de construir pontes, não de levantar muros. Então eu vou estar sempre aberto ao diálogo — disse ele, que evita se colocar como alternativa ao pai na eleição presidencial do ano que vem. — Eu entendo a ansiedade de alguns de buscar uma alternativa ao Bolsonaro, mas na minha cabeça o jogo não está perdido. Enquanto não tiver apito final, a gente tem que estar em campo defendendo o Jair Bolsonaro — completou o parlamentar.

Dirigentes do União Brasil e do PP desejam que Bolsonaro, inelegível e réu na trama golpista, aponte logo quem será seu candidato a presidente para unificar o campo da oposição. Dirigentes de partidos já procuraram Flávio e externaram essa preocupação, mas o ex-presidente segue com a estratégia de falar que o candidato é ele.

A intenção dessas legendas é encontrar um nome que aglutine o apoio de partidos do Centrão a uma candidatura presidencial de oposição. Pesa a favor de Flávio o fato de ser próximo dos presidentes do PP, Ciro Nogueira, e do União Brasil, Antonio Rueda, além de também ter boa relação com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira. O senador ainda mantém trânsito aberto com Alcolumbre e Hugo Motta.

A crise instalada pelo tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, porém, tornou a possibilidade de candidatura única mais difícil ao acentuar as divisões na oposição. De um lado está a ala que defende as tarifas como necessárias para pressionar a aprovação de uma anistia e o fim do cerco judicial contra Bolsonaro. Do outro, os que desejam uma negociação envolvendo o governo brasileiro e criticam o presidente americano pela medida. As informações são do portal O Globo.

 

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