Quinta-feira, 07 de agosto de 2025

Flávio x Michelle: prisão de Bolsonaro amplia disputa por espaço político na direita

A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro ampliou uma disputa nos bastidores da família sobre o espaço político que cada um tenta assumir. Enquanto aliados da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro a apontam como sucessora natural, por morar com o marido e pelo acesso direto a ele, os filhos do ex-presidente resistem à ideia e têm buscado se colocarem como interlocutores do pai.

Na última quarta-feira (6), o ministro Alexandre de Moraes autorizou que filhos e netos de Bolsonaro o visitem o sem necessidade de aval judicial, o que reequilibra, ao menos simbolicamente, o peso de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nesse cenário.

O senador tem se projetado como principal voz da família em Brasília: abriu a entrevista em que a oposição anunciou obstrução no Congresso, participou do protesto comandado por bolsonaristas durante a madrugada e deu diversas declarações desde a prisão domiciliar do pai.

Flávio conseguiu atrair o apoio de antigos aliados do pai, como Sergio Moro (União-PR) e Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que engrossaram o coro de críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e perseguição política ao ex-presidente.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de Michelle assumir esse protagonismo com a prisão de Bolsonaro, Flávio apontou que a madrasta não tem perfil para desempenhar esse papel.

“Eu não vejo muito o perfil da Michelle para isso. Ela não fala muito com a imprensa, não gosta de dar entrevista. Todos os parlamentares que estão aqui podem ser porta-vozes”, disse Flávio.

Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tenta manter influência como articulador internacional da família. Nos Estados Unidos, busca apoio externo para pressionar autoridades brasileiras e defender os atos do pai.

Os vereadores Carlos Bolsonaro e Jair Renan, por sua vez, têm se mantido mais reservados. O filho mais novo passou parte da semana retrasada em Brasília, enquanto Bolsonaro estava sob medidas cautelares, mas sem fazer aparições públicas. Carlos, por sua vez, não esteve no Distrito Federal este mês. Ao saber da prisão, passou mal e precisou ser submetido a exames cardíacos — recebeu alta horas depois, sem alterações clínicas.

Nos bastidores, o nome de Flávio tem despertado mais simpatia entre parlamentares aliados do que o de Michelle. Carlos e Jair Renan têm relação difícil com a ex-primeira-dama. Ainda assim, interlocutores dizem que o vereador do Rio passou a demonstrar maior tolerância com ela após a postura durante a internação recente de Bolsonaro.

A disputa por protagonismo mostra uma divisão familiar que envolve questões políticas e pessoais. Enquanto Michelle tem apoio de setores da base bolsonarista e acesso direto ao marido, Flávio desponta como figura de maior articulação institucional e conta com respaldo de aliados do Congresso. (Com informações do jornal O Globo)

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