Sábado, 08 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de janeiro de 2022
Em várias partes do Ocidente, governos vêm fechando o cerco aos não vacinados. O aumento da intolerância cresce à medida que a variante Ômicron se espalha, multiplicando o número de novos casos e intensificando a frustração da maioria vacinada da população. Embora o número de mortes não venha subindo na mesma proporção, dados de vários países sugerem que os não vacinados são responsáveis pela sobrecarga dos hospitais.
Nos EUA, alguns Estados governados por republicanos ainda resistem às vacinas, inundando os tribunais com processos para impedir as obrigatoriedades impostas pelo governo do presidente Joe Biden. Na Flórida, o governador, Ron Desantis, sancionou uma lei que impede empresas e escolas de exigirem imunização de funcionários.
Na Europa, no entanto, a situação é diferente. O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu transformar a vida dos não vacinados um inferno na Terra. A indignação dos adversários políticos de Macron não foi suficiente para desviá-lo do plano de encolher o mundo dos não vacinados.
Na semana passada, por esmagadores 213 votos a 93, o Parlamento francês aprovou a proposta do presidente de remover uma brecha na legislação que permitia que pessoas não vacinadas contornassem as restrições sanitárias na França, apresentando testes negativos de covid para frequentar cafés, andar de trem e ir ao cinema. Agora, ou os franceses se vacinam ou terão de saborear uma taça de champanhe em casa.
Egoísmo
As declarações de Macron – que disputa a reeleição em abril – assumiram um certo cálculo: que um ponto de inflexão foi alcançado em relação à percepção do egoísmo dos não vacinados. “Quando alguns fazem de sua liberdade um lema, não apenas colocam a vida dos outros em risco, mas também tolhem a liberdade de seus semelhantes. Isso eu não posso aceitar”, afirmou Macron, na sexta-feira.
Com menos repercussão midiática, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, fez uma reprimenda mais hábil. Ele defendeu a vacinação no momento em que Província de Quebec agiu para impedir o acesso de não vacinados a estabelecimentos administrados pelo governo que vendem álcool ou maconha.
“As pessoas estão tendo tratamento de câncer e cirurgias eletivas adiados porque os leitos hospitalares estão lotados com aqueles que escolheram não se vacinar. Elas estão frustradas.
Quando as pessoas percebem que estão em lockdowns ou sob sérias restrições de saúde pública neste momento, por causa do risco representado pelos não vacinados, elas se enfurecem”, disse.
Do outro lado do mundo, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, indicou a mesma determinação política de Macron para condenar não vacinados ao ostracismo, como no caso do tenista Novak Djokovic, que teve o visto de permanência cancelado por não ter se vacinado, mas ontem ganhou a disputa na Justiça.
Obrigatoriedade
Na Itália, no momento em que o número de casos atinge o pico, todos os cidadãos com idade acima de 50 anos serão obrigados a se imunizar. Se trabalhadores não puderem provar que se vacinaram ou se recuperaram recentemente de infecções, eles poderão ser suspensos a partir de 15 de fevereiro. A vida dos não vacinados se complica ainda mais em razão do rígido “passe verde”, que restringe o acesso a locais fechados e, a partir de hoje, proíbe viagens de trem, ônibus e avião.
Na Alemanha, o acesso a espaços públicos aos não vacinados já é restrito e o Parlamento deve aprovar em breve a vacinação obrigatória – que já vigora na vizinha Áustria. Por toda a Europa, os não vacinados têm reagido contra obrigatoriedades e lockdowns, às vezes com violência, argumentado que o governo está excedendo suas atribuições.