Sábado, 07 de dezembro de 2024

França emite mandado de prisão internacional contra o brasileiro Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault e da Nissan

A justiça francesa emitiu nesta sexta-feira (22) um mandado de prisão internacional contra o brasileiro Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault e da Nissan. Ghosn, que vive no Líbano e já foi preso no Japão por supostas violações financeiras, se disse “surpreso” com o mandado, segundo seu porta-voz.

“Isso é uma surpresa. Ghosn sempre cooperou com as autoridades da França”, afirmou o porta-voz do brasileiro ao Wall Street Journal.

Mais tarde, em uma entrevista à rede francesa BFM TV, Ghosn afirmou achar o mandado emitido pela Justiça francesa “surpreendentemente oportuno”, em um período “politicamente carregado”, em referência às eleições para a presidência na França, cuja votação do 2º turno acontece neste domingo (24).

O mandado foi emitido como parte de uma investigação conduzida em Nanterre (Hauts-de-Seine) por abuso de ativos corporativos e lavagem de dinheiro, informou a promotoria à imprensa francesa.

Ghosn, que também tem nacionalidade libanesa e francesa, deveria ter sido julgado em Tóquio por peculato financeiro. Mas ele mora em Beirute desde que fugiu do Japão, no final de 2019 e o país não extradita seus cidadãos.

Promotores na França emitiram mandados de prisão internacionais para Ghosn e mais quatro pessoas. Um dos mandados mira o bilionário Suhail Bahwan, dono de uma distribuidora de veículos em Omã, que promotores alegam ter sido usada para canalizar fundos da Renault para uso pessoal de Ghosn.

Os outros três mandados de prisão são contra os dois filhos de Bahwan e o ex-gerente geral da Suhail Bahwan Automobiles, disse.

Mandados

Os mandados de prisão contra o ex-CEO da Renault Carlos Ghosn e outras quatro pessoas focam no pagamento de 15 milhões de euros pela Renault (cerca de R$ 77,9 milhões) a uma concessionária em Omã. Os investigadores franceses acreditam que o dinheiro foi desviado para empresas controladas por Ghosn e sua família. As informações são do jornal The Wall Street Journal.

Os pagamentos de Ghosn à empresa omani teriam sido feitos entre 2012 e 2017, enquanto o magnata era diretor-executivo da empresa francesa segundo fontes ligadas às investigações ouvidas pelo Wall Street Journal. A maior parte da quantia foi paga através do CEO Reserve, um orçamento criado pelo ex-CEO na Renault para acelerar pagamentos e contornar atrasos em orçamentos.

Os investigadores, ainda segundo o jornal, acreditam que os pagamentos passaram pela concessionária em Omã, e então chegaram a Ghosn para comprar um iate de 120 pés (cerca de 36 metros) e fazer investimentos com benefícios pessoais.

A saga à procura de Ghosn começou em novembro de 2018, quando a polícia japonesa prendeu o magnata, que então comandava a Renault e a Nissan. à época, os investigadores o acusaram inicialmente de ter subnotificado seu salário, e depois surgiram novas acusações de desvios financeiros.

Ghosn, que nega as acusações, viajou do Japão para sua terra-natal, o Líbano, às vésperas de seu julgamento, em dezembro de 2019, em uma fuga cinematográfica. Desde então, ele é identificado como foragido da polícia. Em 2022, os investigadores franceses abriram um caso contra ele, pelo período em que chefiou a Renault, montadora francesa.

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