Domingo, 18 de maio de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 18 de maio de 2025
Até o momento, cinco países e a União Europeia já suspenderam preventivamente a compra de carne e derivados de aves do Brasil por conta do foco de gripe aviária identificado em uma granja da cidade de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
É o primeiro registro da doença em aves de uma unidade comercial no Brasil. Até agora, o vírus H5N1 (variação do Influenza) só havia sido encontrado em aves silvestres. Para evitar maiores prejuízos às exportações brasileiras, o Ministério da Agricultura e autoridades gaúchas trabalham em medidas de isolamento sanitário para conter o foco e convencer outros países a suspender apenas a compra do frango dessa região, como fez o Japão.
O esforço começou ainda na última sexta com um plano de isolamento do foco e de contenção do vírus. Foram instaladas sete barreiras de desinfecção de veículos em estradas da região do Vale do Caí, onde fica Montenegro, e que abriga mais de 500 granjas. Caminhões de carga viva, por exemplo, passam por inspeção e uma limpeza com produtos químicos antes de seguir viagem.
O governo federal declarou emergência zoossanitária no município, com um cinturão de até 10 quilômetros em torno da granja afetada. O estabelecimento sacrificou cerca de 17 animais, que foram enterrados por agentes com roupas de proteção.
A granja é matrizeira, produz ovos para gerar outras aves, não para consumo humano. O Ministério da Agricultura informou que os ovos eram destinados a incubatórios de Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná.
Os receptores foram rastreados e orientados a destruir os ovos, ainda que não haja comprovação de que estão contaminados pelo vírus da gripe aviária.
Além da granja gaúcha, também foi identificado um foco de gripe aviária no zoológico de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana de Porto Alegre, que foi fechado aos visitantes. Pesquisadores ainda investigam se esse caso tem relação com o de Montenegro ou se são contaminações isoladas, uma vez que o Estado é rota de aves migratórias que podem trazer o vírus de outros países.
Mesmo com as medidas adotadas no País, Argentina, Uruguai, China, Chile, México e a União Europeia decidiram suspender todas as compras de aves do Brasil preventivamente. Já o Japão, um dos maiores importadores do frango brasileiro, decidiu suspender os embarques apenas de produtos de Montenegro.
Há a expectativa do governo brasileiro de que Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita também anunciem uma suspensão parcial, válida apenas para o Rio Grande do Sul.
Cada país tem um tipo diferente de protocolo em casos como este, ou seja, sobre como agir diante do registro de gripe aviária em um determinado parceiro comercial. Muitos não restringem as compras apenas a uma região do país afetado ou ao município onde foi identificada a doença. Já outros, como Japão, Arábia Saudita, Filipinas e Emirados Árabes Unidos têm acordos com o Brasil que preveem a regionalização e, por isso, devem deixar de importar somente frango do Rio Grande do Sul.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) afirmou que o primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil marca uma nova etapa na presença do vírus no País. Até então, a doença havia sido registrada em território brasileiro apenas em aves silvestres e de criação caseira. Mas ressaltou que o consumo de frango e ovos pela população segue seguro.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços mostram que, de janeiro a abril deste ano, o Brasil exportou US$ 3,7 bilhões de carnes de aves e miúdos. China, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos estão entre os principais destinos. Com informações do jornal O Globo.