Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 21 de outubro de 2025
O empresário Felipe Macedo Gomes, investigado pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), movimentou R$ 240 milhões nos últimos três anos, com transferências incompatíveis com seu patrimônio e indícios de ocultação da origem do dinheiro. Os dados estão em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à CPMI do INSS e obtido pela Coluna do Estadão.
A defesa do empresário afirmou que “qualquer valor recebido é fruto de sua atividade profissional”. Acrescentou que Gomes se colocou à disposição das autoridades para “prestar esclarecimentos, levar documentos e informações que se fizerem necessários”.
Em depoimento à CPMI na última segunda-feira (20), o ex-dirigente da Amar Brasil ficou em silêncio, amparado por um habeas corpus do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O relator da CPMI do INSS, Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que Gomes é responsável por quatro entidades que receberam cerca de R$ 700 milhões em descontos de beneficiários do INSS entre 2022 e 2025.
Movimentação
O órgão de combate à lavagem de dinheiro analisou contas bancárias de Gomes durante 14 períodos desde 2022, que somaram R$ 240 milhões em movimentações. Em outubro de 2024, o empresário movimentou R$ 15,9 milhões, incluindo o financiamento de sete carros de alto valor.
O Coaf apontou suspeitas de “operações que, por sua habitualidade, valor e forma, configurem artifício para burla da identificação da origem, do destino, dos responsáveis ou dos destinatários finais”. Esse alerta foi feito oito vezes no relatório, em diferentes contas bancárias no nome do empresário.
Segundo o relatório enviado à CPMI, Gomes movimentou R$ 38,2 milhões entre setembro de 2024 e março de 2025, em um intervalo de seis meses. O Coaf alertou para “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”, além da rapidez com que o dinheiro passou pela conta.
Doação
Em 2022, Gomes doou R$ 60 mil à campanha de Onyx Lorenzoni, ex-ministro da Previdência do governo Bolsonaro, que concorria ao governo gaúcho. “O senhor colocou (doou) porque quis, porque pagou propina ou porque alguém lhe pediu?”, perguntou o relator da CPI nessa segunda-feira. O empresário silenciou.
O relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que pedirá a prisão preventiva do empresário na próxima reunião do colegiado.
Carros
No início deste mês, a PF apreendeu carros de luxo do empresário Felipe Macedo Gomes. Segundo a corporação, os recursos de Gomes aumentaram expressivamente nos últimos anos, o que coincide com os supostos descontos ilegais contra aposentados do INSS.
Leia o comunicado da defesa de Felipe Macedo Gomes:
“Felipe Macedo, por intermédio de seu advogado, informa que sempre prezou pela transparência e que qualquer valor recebido é fruto de sua atividade profissional. Ademais, espontaneamente já informou às autoridades que está à disposição para prestar esclarecimentos, levar documentos e informações que se fizerem necessários. Rogério Cury, advogado”. (Com informações da Coluna do Estadão, do Estado de S. Paulo)