Segunda-feira, 03 de novembro de 2025

Fumaça das queimadas pode causar 1,4 milhão de mortes por ano até 2100, informa estudo

A fumaça das queimadas, que já é um problema de saúde em várias regiões do planeta, pode se tornar ainda mais mortal nas próximas décadas. É isso o que apontam dois estudos publicados nessa quarta-feira (17) na revista científica “Nature”, que mostram que o avanço do aquecimento global deve aumentar tanto a frequência quanto a intensidade dos incêndios florestais — e, com isso, o número de mortes ligadas à inalação da fumaça.

Nos Estados Unidos, a estimativa é de que, até 2050, o país registre cerca de 70 mil mortes adicionais por ano provocadas pela poluição vinda dos incêndios, caso as emissões de gases de efeito estufa sigam altas. Globalmente, o número pode chegar a 1,4 milhão de mortes prematuras anuais até o fim do século.

Para chegar nesse número, os cientistas construíram modelos estatísticos e de aprendizado de máquina baseados em dados de emissões de fogo entre 2001 e 2021.

Com isso, cruzaram essas informações com registros de todas as mortes nos EUA entre 2006 e 2019. A partir daí, calcularam então como a exposição ao material particulado fino (as chamadas partículas PM2.5, minúsculas substâncias presentes na fumaça) pode afetar a mortalidade futura.

Os resultados indicam que, no cenário de maior aquecimento, a fumaça dos incêndios poderá provocar 71 mil mortes extras por ano em meados do século. Só a Califórnia, Estado que já convive com temporadas de fogo cada vez mais intensas, deve liderar o aumento de vítimas. Nova York, Washington, Texas e Pensilvânia aparecem logo em seguida.

O estudo também estima que o custo econômico dessas mortes pode ultrapassar 600 bilhões de dólares anuais em 2050.

“Nossa pesquisa sugere que os impactos da fumaça das queimadas provocadas pelas mudanças climáticas podem estar entre as consequências mais importantes e custosas do aquecimento no país”, afirmaram os autores do estudo liderado pelos pesquisadores Minghao Qiu e Marshall Burke, da Universidade de Stanford e de Stony Brook (EUA).

Já o trabalho coordenado por Bo Zheng e Qiang Zhang, da Universidade Tsinghua (China), teve uma escala global. Usando também técnicas de inteligência artificial, os pesquisadores projetaram as áreas queimadas e as emissões futuras até o ano de 2100.

Em seguida, rodaram modelos atmosféricos para calcular como a fumaça vai circular e impactar a saúde da população mundial. As projeções mostram que as mortes prematuras ligadas à poluição da fumaça podem crescer seis vezes até o fim do século, alcançando 1,4 milhão de pessoas por ano em um cenário intermediário de emissões.

A África desponta como a região mais vulnerável, com um aumento de até 11 vezes nas mortes relacionadas ao fogo.

Já nos Estados Unidos e na Europa, o salto esperado é de uma a duas vezes, mas mesmo assim em patamares preocupantes. Os dois estudos, porém, não trazem projeções específicas para o Brasil.

 

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