Sexta-feira, 07 de novembro de 2025

“Galípolo deixou a desejar”, diz ministra Gleisi Hoffmann, que esperava corte do juro pelo Banco Central

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, “deixou a desejar” ao não considerar os indicadores econômicos do governo para reduzir a taxa de juros. A declaração foi dada na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic em 15% ao ano pela terceira vez consecutiva.

“Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar”, disse a ministra, ao criticar a decisão do BC. Segundo Gleisi, a instituição tem se mostrado “mais realista que o rei”, ignorando sinais de melhora na economia. “Você tem o Brasil crescendo, geração de emprego, inflação sob controle. Para que continuar com uma política monetária tão restritiva? Isso tem impacto na nossa indústria, no crédito, no crescimento do País. Estamos nos autopunindo”, afirmou.

A ministra lembrou que o ex-presidente do BC, Roberto Campos Neto, “deixou uma cama de gato” para Galípolo, ao contratar juros mais altos e construir um discurso de que a flexibilização poderia causar desequilíbrio fiscal. “Quando o Galípolo entrou, tivemos condescendência. Achávamos que, diante de indicadores positivos, o Banco Central começaria a cortar juros, porque nada justifica quase 10% de juros reais. É um absurdo, não tem paralelo no mundo”, criticou.

Para Gleisi, é papel do governo pressionar o BC. “É uma instituição independente, mas tem de haver debate. Não pode ser só o mercado a pressionar o Banco Central para subir a taxa de juros”, afirmou.

Além de comentar a política monetária, a ministra abordou o tema da segurança pública e defendeu maior integração entre União e Estados. Segundo ela, operações como a realizada pela Polícia do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha não resolvem o problema da criminalidade. “Isso pode trazer um alívio, mas são ações que colocam em risco a vida de policiais e de inocentes. O crime organizado se recompõe rapidamente. Precisamos de inteligência e planejamento integrado. É preciso estrangular o dinheiro que sustenta o tráfico e chegar aos grandes”, declarou.

Gleisi citou como exemplo positivo a operação Carbono Oculto, que contou com a participação da Polícia Federal, da Receita e do Coaf. “Seguiram o dinheiro e conseguiram fechar negócios importantes para a lavagem de dinheiro do tráfico. Esse deve ser o papel do governo federal”, disse. Ela defendeu a aprovação da PEC da Segurança para institucionalizar a cooperação entre os entes federativos. “Hoje, os Estados nos tratam como provedores de equipamentos. Não sentam com o governo federal, não planejam a operação. Isso não é certo.”

A ministra reconheceu que o tema da segurança deve dominar o debate eleitoral de 2026 e admitiu que a oposição tende a explorar o assunto de forma superficial. “Vai ser um debate raso, mas temos de ter coragem de enfrentar. Já tivemos outras campanhas assim e vencemos. Temos de mostrar resultados”, afirmou.

Para Gleisi, o governo deve priorizar soluções duradouras. “A polícia entra, mata, tira o pessoal de lá, mas não ocupa o território com segurança e políticas públicas. Temos a obrigação de dar uma resposta mais completa. Essa história de ‘bandido bom é bandido morto’ não existe. O bandido tem de estar preso, com processo judicial e território ocupado pelo Estado”, declarou.

Sobre o desempenho da gestão federal a um ano das eleições, Gleisi avaliou que o governo “está no rumo correto”. Ela destacou a aprovação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e a taxação de rendas mais altas. “Começamos a buscar justiça tributária. Se não mexermos na estrutura tributária, não vamos melhorar a renda da maioria da população”, disse.

A ministra também ressaltou o resgate de políticas sociais, o controle da inflação e o reposicionamento internacional do país. “O resgate da bandeira brasileira, da soberania e o posicionamento correto do presidente em relação às ameaças dos Estados Unidos foram muito importantes. Estamos com crescimento sustentável, inflação controlada, preços dos alimentos em queda e desemprego em baixa. Acredito que vamos terminar o ano de forma positiva”, afirmou.

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