Quinta-feira, 12 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 10 de junho de 2025
O ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) general Augusto Heleno recorreu ao direito de permanecer em silêncio e não respondeu a perguntas formuladas pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo penal sobre suposta trama golpista.
Quinto réu a ser interrogado na Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), Heleno só respondeu a perguntas formuladas pelo próprio advogado, Matheus Milanez.
A informação de que Heleno ficaria em silêncio diante das perguntas de Moraes foi dada pelo advogado. Diante da indicação feita pela defesa, Moraes fez as perguntas que havia preparado para o general, de forma a deixar registrado no processo os questionamentos.
Na sequência, o ministro passou a palavra para o advogado de Heleno, que fez as suas perguntas. O advogado indagou Heleno sobre o vídeo de uma reunião no Palácio do Planalto em que o ex-ministro disse que era preciso “virar a mesa” antes das eleições de 2022, porque, após o pleito, seria mais difícil.
O ex-ministro disse que as falas foram dadas em sentido figurado. Ele também saiu em defesa de Jair Bolsonaro, afirmando que o ex-presidente sempre disse que ia agir “dentro das quatro linhas” da Constituição.
“Importante colocar que o presidente Bolsonaro disse que ia agir dentro das questões linhas e eu segui isso o tempo todo”, declarou. Heleno também negou ter politizado o Gabinete de Segurança Institucional e os órgãos subordinados a ele.
Bronca do próprio advogado
Em um momento do interrogatório, o advogado Matheus Milanez deu uma bronca no próprio cliente, o general Augusto Heleno. “A pergunta é só ‘sim’ ou ‘não’, desculpa”, advertiu o advogado no momento em que Heleno respondia a uma pergunta feita por ele.
Na ocasião, o advogado perguntou: “O senhor coordenou uma ação da Abin [Agência Brasileira de Inteligência] ou orientou a Abin para que a agência produzisse relatórios e documentos com informações falsas sobre a eleição de 2022?”
Na resposta, Heleno afirmou: “De maneira nenhuma. Não havia clima. O clima da Abin era muito bom”. Depois dessa resposta, veio a advertência. Em seguida, Heleno demonstra surpresa, sorri e diz: “Po…, desculpa”.
Diante da reação de Heleno, o ministro Alexandre de Moraes afirma: “Não fui eu, general Heleno, que fique nos anais aqui do Supremo, foi o seu advogado”. O advogado então agradece ao ministro e reforça que as respostas deveriam ser apenas “sim” ou “não”.