Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 1 de junho de 2023
General Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro, foi ouvido nesta quinta-feira (1°) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF).
Aos deputados, o general defendeu que “para se aplicar um golpe de Estado no país seria necessário um líder”. Heleno foi questionado sobre áudios de militares ligados ao ex-presidente em que discutiam um plano para um movimento nesse sentido. Ele negou ter participado e afirmou que o termo ‘golpe’ foi banalizado.
“Se eu tivesse sido articulador, eu diria aqui. Eu acho que o tratamento que estão dando a essa palavra ‘golpe’ não é um tratamento adequado. Porque um golpe, para ter realmente sucesso, ele precisa ter um líder principal, alguém que esteja disposto a assumir esse papel de liderar um golpe. Não é uma atitude simples, ainda mais em um país do tamanho e da população do Brasil.”
Augusto Heleno garantiu que aconselhava Bolsonaro no sentido de não tomar atitudes drásticas contra o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele, no entanto, não quis comentar se o reconhecimento da vitória de Lula teria acalmado os apoiadores do ex-presidente.
Sobre uma transmissão ao vivo nas redes sociais em que o ex-presidente atacou as urnas eletrônicas, o general disse não se lembrar da transmissão e que confiava “em termos” nos equipamentos.
“Eu acredito, em termos, mas eu acho que é preciso que haja uma evolução da urna eletrônica, para que ela seja totalmente confiável. Houve uma série de questionamentos em relação à confiabilidade da urna. Isso é normal em um regime democrático. Isso é normal. O resultado da eleição foi respeitado.”
Sobre acusações de que teria aparelhado o GSI, o general contou que durante a transição de governos passou todas as informações ao general Gonçalves Dias, que ocupou o GSI nos primeiros meses deste ano, durante o governo do presidente Lula da Silva.
“O general Gonçalves Dias (eu sempre tive um bom relacionamento com ele), e me coloquei à disposição para conversar com ele sobre o que ele quisesse. Meu secretário executivo fez quatro palestras pra ele [general Gonçalves Dias], em uma delas ele levou, inclusive, o ministro [Aloizio] Mercadante. Então foi passado tudo que ele quisesse saber sobre o GSI. [O secretário executivo] colocou pra ele [Gonçalves Dias] que ele tiraria [do GSI] quem ele quisesse e colocaria quem ele quisesse.”
A CPI terminou com bate boca após o general Augusto Heleno defender o regime militar no Brasil.
O deputado distrital Gabriel Magno, do PT, ao questionar o general, afirmou que foi um “atentado contra os direitos humanos, contra a vida, contra os direitos políticos e contra os direitos físicos dos brasileiros”.
Heleno respondeu que a ação impediu o Brasil de virar um país comunista. “O deputado acha que o movimento de 64 matou mais de mil pessoas, o que não aconteceu. Acha que foi um movimento de vingança, de ódio, quando o movimento de 64 salvou o Brasil de virar um país comunista isso não tem nenhuma dúvida”.
Após a declaração, iniciou-se discussão e o presidente da CPI, deputado Chico Vigilante, encerrou o depoimento.