Terça-feira, 30 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 30 de dezembro de 2025
O general Walter Braga Netto corre o risco de perder o posto e a patente em julgamento no Superior Tribunal Militar (STM), no ano que vem. Em conversas reservadas, oficiais dizem que, de todos os condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na trama golpista do 8 de Janeiro, Braga Netto é o mais “queimado” na caserna por ter incitado os subordinados a atacar a cúpula das Forças Armadas.
Ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, o general quatro estrelas que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro, em 2022, completou neste mês um ano de prisão.
Desde dezembro de 2024, Braga Netto está recluso na 1.ª Divisão do Exército, no Rio de Janeiro – Estado onde já foi interventor na segurança pública, no governo de Michel Temer –, sob a acusação de tentar obstruir as investigações. De início, a prisão era preventiva. Mas, após o general da reserva ser condenado pelo STF a 26 anos em regime fechado, passou a ser definitiva.
Durante as diligências, a Polícia Federal identificou troca de mensagens em que Braga Netto estimulava uma ofensiva contra o então comandante do Exército Freire Gomes, que não aderiu à tentativa de golpe, dizendo que a cabeça dele deveria ser oferecida “aos leões”.
Em uma das conversas, o general chamava Freire Gomes de “cagão”. As investigações mostraram que ele também pediu a um coronel para criticar, nas redes sociais, o então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, por não aceitar entrar no plano para sabotar a democracia.
Em 15 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro já havia sido derrotado nas urnas, Braga Netto orientou o coronel reformado do Exército Ailton Barros a aumentar o tom da ofensiva contra Baptista Júnior nas mídias digitais. À época, manifestantes que não se conformavam com a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva permaneciam acampados em frente aos quartéis.
“Senta o pau no Batista Júnior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feita (sic) e ele fechado nas mordomias. Negociando favores. Traidor da pátria. Daí para frente. Inferniza a vida dele e da família”, escreveu Braga Netto para o coronel.
Na mesma mensagem, o general pediu para Ailton Barros elogiar o ex-comandante da Marinha Almir Garnier. Em setembro, a Primeira Turma do STF conclui que Garnier participou da organização que tentou promover a ruptura democrática no País e o condenou a 24 anos de prisão. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)