Segunda-feira, 28 de julho de 2025

Genética pode ajudar a prever na infância o risco de obesidade, indica estudo

Pesquisadores sabem há décadas que a genética pode ser mais poderosa do que o ambiente para prever quem desenvolverá obesidade.

Gêmeos idênticos tendem a ter o índice de massa corporal (IMC) igual, mesmo que sejam criados separadamente. Crianças adotadas tendem a apresentar um grau de obesidade mais semelhante ao de seus pais biológicos do que ao de seus pais adotivos.

Identificar as raízes genéticas da obesidade pode ajudar na prevenção desde a infância. Porém, essa isso tem se mostrado um desafio. Com raras exceções, não há um gene que seja o culpado. Em vez disso, a condição é impulsionada por milhares de variantes genéticas que atuam em conjunto. Cada uma exerce um efeito minúsculo.

Agora, utilizando dados genéticos de 5 milhões de pessoas, um grupo internacional com centenas de pesquisadores relata ter desenvolvido uma pontuação de risco para obesidade, também conhecida como pontuação de risco poligênico. Ela combina milhares de variantes genéticas para estimar os IMCs previstos de indivíduos, que continuam sendo usados por médicos para prever perigos à saúde relacionados ao peso.

Os pesquisadores mostraram que as pontuações podem prever quais crianças pequenas estão em risco de obesidade na idade adulta. E, em outro teste, descobriram que adultos com sobrepeso e obesos que têm pontuações de risco elevadas recuperam rapidamente qualquer peso que perdem com programas de estilo de vida.

Joel Hirschhorn, um dos autores do artigo e professor de pediatria e genética do Hospital Infantil de Boston, alertou que a genética não pode explicar os efeitos do ambiente e, portanto, é limitada para prever a obesidade.

“Quase nunca seremos capazes de dizer que uma criança terá um IMC de 38 na idade adulta”, afirma Hirschhorn. “A genética não é tão previsível assim”, segue.

No entanto, o estudo do material genético pode oferecer indicações sobre quem está ou não em risco, segundo ele.

“Com o novo estudo, estamos agora mais próximos de poder usar a genética de uma maneira potencialmente significativa e preditiva”, afirmou.

Segundo Pradeep Natarajan, geneticista do Hospital Geral de Massachusetts, o novo estudo é “intrigante”, e ele acredita que mais testes são necessários para verificar se as pontuações podem prever quais intervenções serão eficazes nos tratamentos.

O especialista acrescentou que, conforme os índices de risco para obesidade continuem a melhorar, ele consegue imaginar um futuro em que as técnicas sejam usadas em tratamentos de doenças cardíacas. Na situação, será possível auxiliar médicos a determinar a seriedade dos cuidados em condições como colesterol ou pressão arterial levemente elevados.

Hirschhorn também afirmou que a escala de risco de obesidade do grupo consegue explicar apenas cerca de um terço do efeito genético. Para englobar por completo, seriam necessárias populações ainda maiores para identificar variantes que, individualmente, têm menor poder de prever a obesidade.

Como a maior parte dos dados do novo estudo veio de europeus, a pontuação foi mais precisa para prever a obesidade em pessoas com ascendência europeia. Ainda assim, os pesquisadores afirmam que os resultados sobre os riscos de obesidade em crianças pequenas mostram o que pode ser alcançado.

O peso de crianças com menos de 5 anos não prevê o risco futuro de obesidade, observou Ruth Loos, da Universidade de Copenhague e uma das principais investigadoras do novo estudo. Mas suas pontuações de risco poligênico, sim — dentro de certos limites.

A diferença no IMC adulto previsto entre uma criança cuja pontuação de risco está nos 10% mais baixos e outra que está nos 10% mais altos é significativa, de acordo com os autores. Hirschhorn comparou isso à “diferença entre alguém que está no meio da faixa de peso normal e alguém que está na linha de limiar da obesidade.”

O grupo também testou as pontuações de risco ao observar a genética e os resultados de participantes em estudos que usaram dieta e exercícios para reduzir peso. Nessas pesquisas, as pessoas com pontuações de risco mais altas responderam melhor aos programas de estilo de vida. Apesar disso, também foram as menos propensas a manter o que haviam conquistado — recuperaram todo o peso perdido no primeiro ano após o fim do estudo.

Aqueles com pontuações mais baixas tiveram melhor desempenho na manutenção da perda de peso. Os pesquisadores disseram que mais descobertas virão conforme investigam as relações entre genes e obesidade.

(Com informações do jornal O Globo)

 

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