Quinta-feira, 18 de setembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 17 de setembro de 2025
Nos anos 1970, o cinema viveu uma fase prolífica, com títulos que se tornaram clássicos — de “Operação França” a “Taxi Driver”, de Coppola a Scorsese. Quando um projeto reúne roteiro impecável, trilha marcante e protagonistas carismáticos, críticos falam em “filme perfeito”. É o caso de “Golpe de Mestre” (1973), cuja origem guarda coincidências dignas de roteiro.
O roteirista David S. Ward, então com pouco mais de 25 anos, fascinou-se pelo universo dos golpistas. Após um ano de pesquisas, escreveu a trama de Johnny Hooker (Robert Redford), jovem trapaceiro que busca vingança contra o mafioso Doyle Lonnegan. Com ajuda do experiente Henry Gondorff (Paul Newman), elabora um plano engenhoso. Pela primeira vez, vigaristas surgiam como heróis que expunham a hipocrisia de “respeitáveis” vítimas.
Um projeto à beira do fracasso
Ward queria Redford no papel principal, mas o ator recusou: achava arriscado confiar a história a um novato. Sugeriu então o diretor George Roy Hill, seu parceiro em “Butch Cassidy” (1969). Hill aceitou e logo convidou Newman, que hesitou, considerando-se jovem demais para interpretar Gondorff. A insistência do diretor e um episódio quase cômico — uma conversa perdida num elevador — convenceram-no a aceitar.
Dois homens e um destino
A química entre Redford e Newman foi imediata, dentro e fora do set. O elenco se divertia com pegadinhas, como quando Newman escondeu o Porsche do colega, reforçando a amizade que atravessaria décadas. O mafioso Lonnegan coube a Robert Shaw, que acabou interpretando o personagem mancando após se machucar em um jogo. O diretor gostou tanto que incorporou o detalhe à composição.
O ragtime
Além do roteiro preciso, a trilha de Scott Joplin deu identidade ao filme. O ragtime “The Entertainer” tornou-se inseparável de “Golpe de Mestre” e ajudou a criar sua atmosfera única. Segundo Newman, George Roy Hill estruturava a narrativa como se fosse uma HQ, valorizando a surpresa: quando o público acreditava entender, a trama mudava de rumo. Esse jogo de expectativa mantém o longa vivo meio século depois.
Resultado de encontros improváveis, o filme conquistou sete Oscars, incluindo melhor filme, direção e roteiro original. Mais do que isso, selou a amizade entre Redford e Newman e entrou para a lista dos “perfeitos” do cinema.