Sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Golpe do “neto falso”: suspeitos são presos por fraude de R$ 29 milhões contra idosos

Investigadores federais dos Estados Unidos indiciaram 13 pessoas por envolvimento em um esquema de fraude contra idosos, conhecido como “golpe dos avós”. De acordo com as autoridades, a quadrilha causou um prejuízo de cerca de US$ 5 milhões (aproximadamente R$ 29,2 milhões) a centenas de vítimas. A idade média dos lesados era de 84 anos, e muitos deles perderam economias acumuladas ao longo de toda a vida.

O caso foi revelado após uma investigação que contou com a colaboração da empresa de transporte por aplicativo Uber. Segundo a procuradora de Massachusetts, Leah Foley, a apuração começou quando a companhia denunciou ao FBI atividades suspeitas envolvendo motoristas da plataforma. Esses profissionais eram usados como intermediários sem saber que participavam de um golpe.

O esquema, de acordo com o jornal americano CBS News, era operado a partir de call centers localizados na República Dominicana. O grupo era liderado por Oscar Manuel Castanos Garcia. As ligações para as vítimas eram feitas por um “abridor”, que se passava por um neto ou outro familiar em situação de emergência, alegando ter sofrido um acidente ou precisando de dinheiro para pagar fiança.

Em seguida, outro integrante do esquema, chamado de “encerrador”, assumia a conversa fingindo ser um advogado. Ele reforçava a suposta urgência e exigia que a vítima entregasse uma quantia em dinheiro. Para evitar suspeitas, o grupo criava histórias plausíveis para justificar a retirada e a entrega do valor.

Os golpistas solicitavam que motoristas da Uber buscassem envelopes ou pacotes na casa dos idosos ou os levassem até o banco. Esses motoristas, sem saber da fraude, repassavam os valores a outros integrantes da quadrilha. Segundo Foley, cerca de 400 pessoas foram vítimas, sendo 50 delas nos Estados Unidos. Muitas optaram por não registrar ocorrência por vergonha ou medo de exposição.

Durante coletiva no Tribunal Federal de Moakley, em Boston, a procuradora descreveu o esquema como “cruel e imoral”. “O objetivo deles era enganar nossos avós, pais, vizinhos e amigos, fazendo-os entregar suas economias de uma vida inteira”, declarou Foley. Ela ressaltou que o crime explorava não apenas a confiança das vítimas, mas também a vulnerabilidade emocional dos idosos.

Dos 13 acusados, nove já estão sob custódia, incluindo Castanos Garcia. Outros quatro permanecem foragidos — dois nos Estados Unidos e dois na República Dominicana. As acusações contra eles incluem conspiração para cometer fraude postal e eletrônica, além de lavagem de dinheiro, crimes que podem resultar em longas penas de prisão.

A Uber afirmou que continuará colaborando com as autoridades e que reforçou o treinamento de seus motoristas para reconhecer sinais de possíveis golpes. Foley alertou que, na maioria dos casos, as vítimas não conseguirão recuperar o dinheiro perdido. Para reduzir os riscos de novas ocorrências, a procuradora orientou que familiares conversem com idosos sobre esse tipo de fraude e incentivou o uso dos canais oficiais para denúncias.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Geral

“Maior avanço nos últimos 20 anos”: Anvisa aprova medicamento oral para tratar câncer no cérebro
Moradores de cidade holandesa usam Google Maps para espantar visitantes
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play