Domingo, 24 de agosto de 2025

Governador de São Paulo muda discurso interno, admite disputar o Planalto e se prepara para dois cenários em 2026

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), desenha uma estratégia de longo prazo para manter abertas duas possibilidades em 2026: disputar a reeleição no Estado ou concorrer à Presidência da República. A preparação envolve ajustes no discurso, mudança na comunicação e articulação com aliados, numa tentativa de não partir do zero caso decida avançar para um projeto nacional.

O movimento tem caráter preventivo. A avaliação de aliados é que, se optar por concorrer ao Planalto, Tarcísio precisará deixar o governo paulista em abril de 2026 já com discurso estruturado, equipe preparada e pontes políticas firmadas. Até pouco tempo, o governador descartava publicamente a hipótese de disputar a Presidência, mas mudou o tom e passou a admitir a possibilidade em conversas reservadas, ainda que reafirme que sua prioridade é permanecer em São Paulo, onde considera ter condições de reeleição tranquila.

Segundo auxiliares, Tarcísio condiciona qualquer passo a um pedido direto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem reitera lealdade. Essa posição, no entanto, não afasta as movimentações nos bastidores. Emissários do governador procuraram, de forma informal, marqueteiros como Chico Mendez e Paulo Vasconcelos, além de manterem contato com a equipe de Pablo Nobel, responsável pela campanha vitoriosa em 2022. Embora a assessoria oficial negue tratativas, aliados apostam na repetição da parceria com Nobel.

A indecisão se reflete na agenda. De um lado, Tarcísio intensifica viagens pelo interior paulista, inaugurando obras e anunciando repasses a prefeituras. De outro, participa de eventos do mercado financeiro e encontros reservados com empresários, em que aborda temas nacionais como crescimento econômico, responsabilidade fiscal e críticas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O discurso, antes moderado, vem ganhando contornos mais duros e assumidamente antipetistas.

Em fórum do BTG Pactual, na semana passada, Tarcísio afirmou que “o Brasil não aguenta mais Lula” e defendeu que o País precisa olhar para a nova geração de governadores, em contraste com o que chamou de “mentalidade atrasada de 20 anos atrás”. O tom contrasta com o início da gestão, quando evitava críticas abertas ao governo federal.

O desafio do governador é equilibrar a preparação sem transmitir a impressão de que já está em campanha presidencial, o que poderia gerar atritos dentro do bolsonarismo. Mensagens divulgadas pela Polícia Federal no celular de Jair Bolsonaro, porém, revelaram desconforto do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com a possibilidade de Tarcísio suceder o pai, expondo tensões internas.

Ainda assim, a pressão para que Tarcísio seja candidato ao Planalto cresce. Lideranças do Centrão consideram difícil que ele resista, diante da avaliação de que a nova conjuntura fortalece sua posição. Para aliados, as mensagens divulgadas pela PF reforçam que Bolsonaro já havia dado aval ao governador paulista, embora isso não fosse publicizado para não fragilizar o ex-presidente no processo que tramita no Supremo Tribunal Federal sobre tentativa de golpe.

Um aliado próximo resume: Tarcísio só entrará na disputa presidencial com todos os “astros alinhados” — apoio dos principais partidos de centro-direita, respaldo inequívoco de Bolsonaro e pacificação no núcleo bolsonarista. A decisão também dependerá da avaliação sobre a força de Lula em 2026. Interlocutores lembram que o petista “sabe ganhar eleição” e que Tarcísio, de perfil pragmático, dificilmente arriscaria sua carreira em um cenário de grande incerteza.

 

(Com informações do O Estado de S.Paulo)

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