Domingo, 02 de novembro de 2025

Governadores de esquerda evitam embate com a direita

Um dia após governadores da direita anunciarem a criação de um “Consórcio da Paz” para articular o combate ao crime organizado, chefes dos Executivos estaduais de partidos de esquerda evitaram embates com os colegas e defenderam uma união de forças no combate ao crime organizado.

Os gestores da esquerda, todos de estados do Nordeste, não foram convidados para participar da iniciativa, lançada nesta quinta-feira (30) no Rio de Janeiro como um ato de apoio ao governador Cláudio Castro (PL), após a operação policial mais letal da história do Brasil, que deixou 121 mortos.

Os discursos tiveram tom eleitoral, com críticas ao governo Lula e a participação de governadores que são potenciais presidenciáveis, caso de Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás.

Alvo de críticas de Caiado por sua gestão na segurança pública, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), criticou o debate guiado por interesses político-partidários.

“O momento é de cooperação e não de divisão entre estados, ataques ou conflitos. Só unindo forças de maneira sincera e sem interesses políticos menores derrotaremos o crime”, afirmou o petista, que defendeu a aprovação PEC da segurança pública pelo Congresso Nacional.

Jerônimo ainda afirmou que não entraria no mérito de utilizar um momento de consternação como elemento partidário e eleitoral e defendeu a união dos 27 governadores em torno de uma pauta única de enfrentamento do crime organizado.

“Bandido bom é bandido preso e entregue à Justiça. Essa é minha máxima: prender, entregar à Justiça e oferecer dentro dos presídios a capacidade de ressocialização”, disse o governador da Bahia.

O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), que tem adotado um discurso linha-dura no combate ao crime organizado, celebrou em uma rede social uma operação policial que deixou sete pessoas mortas pela polícia em Canindé, cidade do interior do estado a 115 km de Fortaleza.

“Nenhum policial morto. Nenhum inocente alvejado. A população protegida”, afirmou o governador, celebrando a operação.

Castro correu às redes sociais e exaltou o petista: “Parabenizo os policiais do Ceará e o governador Elmano de Freitas pela coragem e determinação no enfrentamento ao crime organizado”.

A Folha procurou os governadores Carlos Brandão (sem partido), do Maranhão, Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, Rafael Fonteles (PT), do Piauí, e Fábio Mitidieri (PSD), de Sergipe, mas nenhum quis se pronunciar.

Em Brasília, a iniciativa foi criticada por integrantes do governo Lula (PT), que classificaram a criação do grupo dos governadores de direita como uma tentativa de dividir politicamente o país.

A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou que os governadores que agora se unem foram contra a PEC (proposta de emenda à Constituição) da Segurança, enviada pelo Executivo ao Congresso, que prevê constitucionalizar o Susp (Sistema Único de Segurança Pública), estabelecendo diretrizes mínimas a serem seguidas por órgãos de segurança de todo o país.

“Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”, afirmou a ministra em publicação nas redes sociais.

Nos últimos meses, os Estados Unidos reforçaram a presença militar na América Latina com o envio de caças, navios de guerra e soldados sob o argumento de atuar contra o narcotráfico, principalmente na Venezuela.

A megaoperação gerou tensão entre o governo estadual do Rio e o Executivo federal numa disputa de narrativas acerca da ação e seus desdobramentos, com troca de acusações e críticas de um lado ao outro, tendo como pano de fundo a disputa eleitoral em 2026. A pauta da segurança pública deve ser um dos principais temas do pleito do próximo ano.

Também participam do “Consórcio pela Paz” os governadores Jorginho Mello (PL), Santa Catarina, Eduardo Riedel (PP), de Mato Grosso do Sul, e Celina Leão (PP), vice-governadora do Distrito Federal.

O encontro reuniu governadores se movimentam para herdar o espólio eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível. Antecipando a disputa eleitoral de 2026, a pauta da segurança pública serviu para engajar os governadores num contraponto a governo Lula.

O grupo fez críticas à tentativa do Palácio do Planalto de acelerar a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública no Congresso.

Jorginho Mello, governador de Santa Catarina, disse esperar que todas as 27 unidades da federação se unam ao Consórcio da Paz. Com informações da Folha de São Paulo.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Governador do PT parabeniza policiais por ação com 7 mortos
Bancos dizem recolher mais impostos que as fintechs, que afirmam o contrário
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play