Quinta-feira, 07 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 7 de agosto de 2025
Governadores de direita e centro-direita de nove Estados se reuniram em Brasília para definir ações para cobrar do governo federal medidas para mitigar o tarifaço e defender que o Congresso vote uma anistia aos envolvidos na trama golpista.
A reunião foi realizada na casa do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e convocado pelo governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União).
“A gente está muito preocupado com a escalada da crise, com a marcha da insensatez e com os efeitos deletérios aí do tarifário, do estressamento das reuniões com os Estados Unidos, com setores da nossa economia que vão ser afetados”, disse Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Tarcísio, que é bolsonarista, disse que “o espaço de atuação de cada Poder” deve ser respeitado e que o projeto da anistia aos envolvidos com os protestos de 8 de janeiro poderia colaborar para desescalar a crise.
O governador paulista não mencionou a tentativa de obstrução física promovida pelos parlamentares da oposição, que impediu por dois dias a votação do Congresso.
Sem citar que o presidente americano, Donald Trump, condicionou o tarifaço a uma agenda política contrária à ação penal da trama golpista que corre no STF, Tarcísio disse que o governo Lula tem agredido os EUA.
“A gente acabou indo pra caminho muito ruim, caminho que acabou agredindo parceiro histórico do Brasil, grande investidor estrangeiro direto, e a gente precisa cobrar do governo federal, que tem essa responsabilidade de conduzir a política externa, energia nas negociações”, afirmou Tarcísio.
Lula tem dito publicamente estar aberto ao diálogo, mas até o momento não ligou para o presidente americano. No governo, interlocutores do presidente dizem que só faz sentido ligar se estiver claro que a negociação se daria exclusivamente na área comercial.
Tarcísio criticou a demora no anúncio do pacote de medidas do governo federal em socorro a setores afetados pelo tarifaço e cobrou a divulgação de um cronograma para as negociações com os EUA. A tarifa entrou em vigor nesta quinta-feira.
O governador de São Paulo disse que o grupo vai se reunir nos próximos dias com os presidentes de partido e com líderes do Congresso “para que eles tenham voz, para que eles possam trabalhar para desescalar a crise”.
Ronaldo Caiado (União), governador de Goiás, disse que Lula “ao invés de se preocupar com a economia do país, com os investimentos internacionais, quer exatamente antecipar o processo eleitoral” ao supostamente não buscar diálogo com Trump.
Na saída do encontro, Tarcísio disse que o Congresso tem de ter “autonomia para legislar sem pressão” e citou a votação da anistia. Sem detalhar ao que se referia, Tarcísio afirmou ainda que o STF “tem papel” a ser feito para desescalar a crise.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), defendeu a anistia “ampla, geral e irrestrita” aos envolvidos nos atos golpistas do 8 de Janeiro e disse que a ação penal deveria ser votada pelo pleno da Corte, e não pela Primeira Turma, como consta no regimento do STF.
Mauro Mendes, do Mato Grosso, afirmou que não foram chamados todos os governadores, e sim “os que tinham mais afinidade” com ele. Convidado a participar da reunião, o governador Eduardo Leite (PSD) não compareceu. Mendes disse que há consenso entre os governadores reunidos de que o Congresso deveria colocar o projeto da anistia em votação.
Além de Ibaneis, Mendes, Tarcísio e Caiado, estiveram no encontro os governadores do Rio, Cláudio Castro (PL); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); e do Amazonas, Wilson Lima (União).