Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 14 de novembro de 2025
A votação que reconduziu Paulo Gonet à Procuradoria-Geral da República por apenas 45 votos trouxe novas preocupações para o governo em relação ao ambiente político no Senado, especialmente diante da possível indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF). Nos bastidores, integrantes da base aliada afirmam que a aprovação de Gonet só ocorreu devido a uma operação emergencial articulada nas horas finais, que conseguiu assegurar dois votos oriundos da oposição e contou com a atuação direta do presidente da Casa, Davi Alcolumbre, para manter o quórum elevado em uma semana marcada por esvaziamento de atividades.
Mesmo com esse esforço concentrado, o resultado foi classificado como “muito ruim para o governo”, segundo um dos articuladores envolvidos na mobilização. A preocupação deriva não apenas do número apertado de votos, mas também do contraste entre o que a base esperava e o que efetivamente ocorreu. Havia 72 senadores presentes no plenário, e os cálculos internos do governo projetavam aproximadamente 52 votos favoráveis à recondução de Gonet. Contudo, o placar final ficou aquém dessa expectativa, revelando uma margem de segurança menor do que a estimada.
Dentro do governo, o diagnóstico é claro: se a indicação em jogo tivesse sido a de Jorge Messias, no mesmo ambiente político e com o mesmo comportamento da base, o Planalto não teria hoje garantia suficiente para assegurar sua aprovação. A avaliação predominante é que, embora Alcolumbre não esteja colocando obstáculos formais à escolha de Lula, o atual clima político do Senado exige mais do que apoio institucional ou articulações tradicionais de liderança.
Esse cenário reforçou uma percepção que já vinha sendo mencionada reservadamente por parlamentares de diferentes perfis: o chamado “efeito rebote do Flávio Dino”. Para esses senadores, a aprovação de Dino ao STF com 47 votos, seguida pela recondução de Gonet com 45, serve como um indicativo do humor político da Casa, que parece estar mais reticente em relação às indicações do Executivo.
Parlamentares experientes avaliam que esses episódios tornaram explícita uma fragilidade da articulação política do governo, algo que vinha sendo apontado, mas ainda não havia sido testado em votações consideradas de risco elevado. Agora, com esse termômetro exposto publicamente, cresce a percepção de que o cenário se tornou mais complexo.
A eventual indicação de Messias – que enfrenta resistências informais tanto entre membros da oposição quanto em segmentos específicos da própria base governista – passa a demandar um esforço adicional do governo. (Com informações do jornal O Globo)