Sexta-feira, 07 de novembro de 2025

Governo Federal injeta R$ 67 milhões para apoiar produtores de trigo do RS e PR

Em meio à queda acentuada nos preços do trigo, o Governo Federal anunciou nesta sexta-feira (7) um pacote de apoio de R$ 67 milhões para produtores do Rio Grande do Sul e Paraná. O anúncio foi feito pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, durante coletiva em Porto Alegre. A medida visa garantir o escoamento e a comercialização de até 250 mil toneladas da safra 2024/25, num esforço para equilibrar o mercado e assegurar renda aos agricultores.

A iniciativa contempla os dois principais estados produtores de trigo do país: o Rio Grande do Sul, com previsão de escoamento de até 148 mil toneladas, e o Paraná, com até 102 mil toneladas. “Diante do cenário de queda nos preços de mercado, decidimos garantir o escoamento da produção. É uma ação estratégica para manter a sustentabilidade da cadeia produtiva e garantir que o produtor continue plantando”, afirmou Pretto.

Preços abaixo do mínimo

A decisão da Conab foi motivada pela desvalorização do cereal. No RS, a saca de 60 quilos fechou a semana em R$ 58,11, bem abaixo do preço mínimo estipulado pelo governo, de R$ 78,51. No Paraná, o valor foi de R$ 64,00, também inferior ao mínimo de R$ 78,51. Com isso, os prêmios estimados para compensação são de R$ 20,40 por saca no RS e R$ 14,51 no PR.

Leilões e mecanismos de apoio

O apoio será operacionalizado por meio de leilões públicos, com preferência pelo Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), que cobre a diferença entre o preço mínimo e o valor de mercado. Outra alternativa é o Prêmio de Escoamento do Produto (PEP), voltado para comerciantes e indústrias que compram o trigo ao preço mínimo. Em ambos os casos, o produto precisa ser escoado para fora dos estados produtores, a fim de aliviar os mercados locais.

Os leilões serão realizados pelo Sistema de Comercialização Eletrônica da Conab (Siscoe). Para participar, os interessados devem estar cadastrados em uma Bolsa de Mercadorias credenciada, além de regularizados nos sistemas federais como Sican, Sircoi, Sicaf e Cadin.

Produção em queda

Apesar do incentivo, a produção nacional de trigo deve cair em 2025. A Conab estima uma colheita de 7,7 milhões de toneladas, 2,4% abaixo da safra anterior. A retração é atribuída à redução de 19,9% na área cultivada, reflexo das condições desfavoráveis enfrentadas pelos produtores no momento da semeadura.

O Rio Grande do Sul, líder nacional na produção de trigo, semeou 1,16 milhão de hectares — uma queda de 13,7% em relação ao ciclo anterior. A produção estimada é de 3,7 milhões de toneladas, com 40% da área já colhida. Já o Paraná, segundo maior produtor, reduziu sua área em 28,1%, totalizando 824 mil hectares. A produção prevista é de 2,5 milhões de toneladas, com 90% da colheita concluída.

Reação do setor

A medida foi recebida com alívio por representantes do setor, que vinham pressionando por ações emergenciais diante da queda nos preços. “Esse apoio é fundamental para garantir que o produtor não abandone o trigo. Sem renda, não há produção”, afirmou Sérgio Feltraco, diretor da FecoAgro, que também participou da coletiva.

Com o anúncio, o governo busca não apenas proteger os produtores, mas também garantir o abastecimento interno e a continuidade da produção nacional de trigo, essencial para a segurança alimentar do país.

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