Terça-feira, 17 de junho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 17 de junho de 2025
O governo do Estado apresentou, nesta terça-feira (17), os avanços de suas principais ações para mitigação das mudanças climáticas no campo à FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), representada pelo coordenador do Clima e Biodiversidade da instituição, Martial Bernoux. O encontro ocorreu durante a Conferência de Bonn sobre Mudanças Climáticas, na Alemanha.
A titular da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura, Marjorie Kauffmann, detalhou as boas práticas implementadas pelo Programa ABC+RS – Agricultura de Baixo Carbono, os planos de descarbonização de quatro cadeias produtivas e os estudos para o desenvolvimento do inventário de gases de efeito estufa em campos e florestas.
A secretária afirmou que o governo vê a agricultura não só como um importante pilar econômico, mas também como um agente ativo na descarbonização e na viabilização da recuperação ambiental.
“O Rio Grande do Sul, Estado com forte base econômica na agropecuária, tem enfrentado os crescentes impactos das mudanças climáticas, que afetam a produtividade agrícola. Além disso, o setor passa a ser cada vez mais exigido na mensuração e na redução das emissões, o que demanda ações integradas e sustentáveis”, disse Marjorie.
“O governo estadual tem promovido a articulação com instituições de pesquisa, universidades e organizações internacionais para fortalecer o Programa ABC+RS e implementar uma estratégia climática.”
Até 2030, o objetivo do ABC+RS é alcançar 4,6 milhões de hectares com adoção de práticas produtivas sustentáveis. Além disso, por meio da Assessoria do Clima da Sema, o Estado está desenvolvendo um inventário customizado de emissões do setor agropecuário. A iniciativa busca preencher lacunas existentes na base científica brasileira e mundial, cuja maioria das pesquisas nas últimas décadas esteve concentrada no Hemisfério Norte.
Com investimento de R$ 15 milhões, viabilizado pelo Estado com recursos do Avançar, a iniciativa, uma parceria entre a Sema e a Fundação de Amparo à Pesquisa, está centrada na geração de dados locais sobre o balanço de GEE em diferentes ambientes e sistemas produtivos do RS, com ênfase no bioma Pampa. O projeto utiliza metodologias validadas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.
Os resultados parciais já apontam, por exemplo, reduções de cerca de 50% nas emissões de metano em áreas com rotação de culturas; e ganhos expressivos na pecuária, com o manejo adequado da carga animal e da altura do pasto – técnicas previstas no ABC+RS.
“As evidências científicas não apenas validam as práticas sustentáveis no campo, como também contribuem para o desenvolvimento de um banco de dados do Estado. Essas propostas também serão levadas à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas [COP30], promovendo a agricultura sustentável – que assegura, ao mesmo tempo, produtividade, segurança alimentar e resiliência climática”, ressaltou Marjorie.
Descarbonização
O Estado também está desenvolvendo um plano de ação climática que envolve o inventário de emissões, a análise de risco climático e as estratégias para a descarbonização de cadeias produtivas. O Rio Grande do Sul será o primeiro Estado brasileiro a integrar esses instrumentos em uma única abordagem territorializada e sistêmica, com previsão de lançamento do plano na COP30, que ocorre no mês de novembro, em Belém (PA).