Segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Governo Lula acompanha com preocupação envio de militares dos Estados Unidos à América Latina

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que acompanha “com preocupação” a decisão de Donald Trump de mobilizar mais de 4 mil militares para o Mar do Caribe e áreas próximas à América Latina, sob a justificativa de combater cartéis de drogas.

Segundo auxiliares presidenciais, a medida é preocupante “em qualquer circunstância”, especialmente diante da hipótese de violação territorial. A chancelaria brasileira tomou conhecimento do deslocamento por meio da imprensa internacional, sem comunicação oficial por parte de Washington.

A mobilização é vista em Brasília como mais um passo da escalada intervencionista dos Estados Unidos no hemisfério, em um contexto em que Trump reforça sua política externa de confrontação.

O presidente norte-americano tem associado a crise do fentanil nos EUA a cartéis latino-americanos, classificando-os como “narcoterroristas” e autorizando sua perseguição militar direta.

Embora o Brasil não esteja incluído inicialmente na operação, fontes diplomáticas confirmaram que Washington questionou por que organizações como o PCC não são reconhecidas pelo governo Lula como grupos terroristas.

O envio envolve o Grupo Anfíbio de Prontidão USS Iwo Jima e a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, além de submarinos nucleares, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon, destróieres e um cruzador de mísseis guiados. Outros navios, como o USS Fort Lauderdale e o USS San Antonio, também foram mobilizados.

Os recursos foram transferidos para a área de responsabilidade do Comando Sul (Southcom) e devem permanecer na região por alguns meses. Em março, os EUA já haviam enviado destróieres para a fronteira marítima com o México, sob responsabilidade do Comando Norte.

Segundo revelou o New York Times, Trump assinou uma ordem secreta instruindo o Pentágono a usar força militar em países latino-americanos, com operações previstas por terra, mar e ataques aéreos.

O documento cita diretamente Venezuela e México, com alvos como o Tren de Aragua e a gangue MS-13. Fontes de defesa afirmam que a ofensiva dá ao presidente norte-americano uma ampla gama de opções de ataque, ainda que, por ora, a mobilização seja “principalmente uma demonstração de força”.

Venezuela e México

Embora a justificativa oficial seja o combate ao narcotráfico, analistas apontam que a Venezuela está no centro da estratégia de Trump. Dias antes do envio das tropas, Washington anunciou uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Nicolás Maduro, acusado de vínculos com o narcotráfico.

A medida foi recebida em Caracas como mais uma tentativa de desestabilização do governo bolivariano e de abrir caminho para ações de mudança de regime.

Maduro reagiu com veemência e dirigindo-se aos “imperialistas”, afirmou que não deve haver qualquer ilusão de impunidade. “Não se atrevam a atacar, porque a resposta pode ser o fim do império americano”, declarou o presidente venezuelano, em mensagem direta à Casa Branca.

O governo venezuelano também reforçou apelos diplomáticos em fóruns internacionais, denunciando a militarização da política antidrogas como instrumento de pressão geopolítica.

A presidente mexicana Claudia Sheinbaum, em viagem à Guatemala, respondeu prontamente às notícias sobre a mobilização de tropas norte-americanas. Ela afirmou que a operação ocorre em águas internacionais e, portanto, não configura violação de soberania, mas reforçou que o México não aceitará qualquer ação estrangeira em seu território.

“Nossa opinião sempre será a autodeterminação dos povos. Não somente no caso do México, mas no caso de todos os países da América e do Caribe. O único que manda no México é o povo”, declarou em entrevista coletiva.

A negativa de Sheinbaum dialoga com um histórico de intervenções dos EUA na região, que geram desconfiança sobre a real extensão da operação.

O México já havia sido alvo de espionagem com drones da CIA, segundo reportagens da CNN, como parte de missões de monitoramento de cartéis. A nova mobilização, portanto, reacende temores de que a campanha antidrogas sirva de cobertura para pressões políticas mais amplas.

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