Segunda-feira, 21 de julho de 2025

Governo Lula ainda espera autorização expressa da Casa Branca para negociar o tarifaço com os americanos

Em meio à mais grave crise em 200 anos de relações com os Estados Unidos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o diálogo com os americanos se concentre exclusivamente no fim das tarifas a produtos do Brasil, incluindo a sobretaxa de 50%, que entrará em vigor no próximo dia 1º de agosto.

A possibilidade de entrar nas negociações a ameaça de sanções a integrantes do Judiciário do país, com destaque para a cassação do visto de alguns ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), está descartada.

Segundo interlocutores com conhecimento do assunto, os canais de negociação não estão totalmente fechados: já existem contatos informais entre técnicos dos dois países. No entanto, os funcionários do USTR, órgão responsável pelas discussões comerciais com outros países, aguardam instruções expressas da Casa Branca para darem um passo adiante e reabrirem o diálogo oficialmente.

A crise entre Brasil e EUA escalou na última sexta-feira, quando o secretário de Estado americano, Marco Rubio, anunciou a suspensão dos vistos de várias autoridades brasileiras, entre as quais sete magistrados do STF e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. Rubio citou, entre os alvos, o ministro do Supremo Alexandre de Moraes e seus “aliados e familiares”. Ficaram de fora da punição os ministros André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux.

“A caça às bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, diz a postagem de Rubio.

Dias antes, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que os produtos brasileiros seriam sobretaxados em 50%. Trump alegou, entre os motivos, a “perseguição” ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a regulação das plataformas digitais americanas no Brasil e a existência de um déficit comercial para o Brasil que não existe.

Integrantes do governo brasileiro destacam a “serenidade” da reação dos magistrados do STF atingidos e avaliam que, neste momento, não é possível fazer uma previsão sobre o que acontecerá nos próximos dias. Há um monitoramento em tempo real, afirmam.

Apesar da politização do tarifaço de Trump em relação ao Brasil, integrantes do governo brasileiro destacam que outros atores internacionais também estão sendo duramente afetados pelos EUA. São exemplos Japão, Coreia do Sul, Canadá e União Europeia. Nas palavras de um interlocutor, a diferença é que são países que não têm “um Bolsonaro para chamar de seu”.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Economia

Presidente do Supremo evita comentários, mas diz tratar caso dos vistos com “importância”
Johan Carbonero: o talismã invicto do Inter
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play