Terça-feira, 26 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de agosto de 2025
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, explicou nesta segunda-feira (25) por que o Brasil não concedeu o agrément — a autorização diplomática — ao nome indicado por Israel para assumir a embaixada em Brasília.
Nesta segunda, Israel retirou a indicação do diplomata Gali Dagan e disse que não enviará novo nome. O país ainda disse que vai rebaixar o nível de suas relações diplomáticas com o Brasil.
Segundo Amorim, não houve um veto formal, mas o Itamaraty deixou o pedido sem resposta, em reação à forma como o governo de Benjamin Netanyahu tratou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, no ano passado. Meyer foi chamado a dar explicações sobre declaração do presidente Lula comparando a guerra em Gaza ao Holocausto.
Diplomatas brasileiros consideraram que a condução de Meyer ao Museu do Holocausto pelo chanceler israelense, Israel Katz, foi uma tentativa de humilhação.
“Não houve veto. Pediram um agreement e não demos. Não respondemos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”, disse Amorim.
O assessor reforçou que o Brasil não é contra Israel, mas contra a política do atual governo.
“Nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo. É uma barbaridade. Nós não somos contra Israel. Somos contra o que o governo Netanyahu está fazendo.”
O pedido para que Gali Dagan fosse nomeado embaixador no Brasil foi feito em janeiro. Dagan é ex-embaixador israelense na Colômbia, e deixou o posto em 2024, depois de atritos com o governo Gustavo Petro. Petro e Dagan trocaram críticas depois que Petro condenou as ações de Israel na Faixa de Gaza
Contexto
Israel havia indicado o diplomata Gali Dagan no início do ano. O Itamaraty nunca respondeu ao pedido de agrément, prática que equivale a uma recusa.
As relações entre Brasil e Israel estão tensas desde fevereiro de 2024, quando Lula comparou a ofensiva israelense em Gaza às ações de Adolf Hitler contra os judeus.
Na ocasião, Israel declarou Lula “persona non grata”.
Em resposta, o Brasil retirou seu embaixador em Tel Aviv em maio de 2024 e não apresentou substituto.