Sábado, 26 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 25 de julho de 2025
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva lançará uma campanha massiva em defesa do Pix para reagir às ameaças de Donald Trump de impor um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros vendidos nos Estados Unidos.
Além da sobretaxa, o governo norte-americano abriu uma investigação comercial contra o Brasil citando, entre outras coisas, “serviços de pagamento eletrônico desenvolvido pelo governo”, ou seja, o Pix.
O Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado pelo Banco Central (BC) em 2020 em que os recursos são transferidos entre contas em poucos segundos, a qualquer hora ou dia. A campanha deve ser veiculada em rádios e TVs, e intensificada em redes sociais com o slogan “O Pix é do Brasil”, frase já dita e postada por Lula em seus perfis. A ideia de defesa da soberania seria acoplada à da defesa do sistema de pagamentos.
A bandeira erguida pelo governo, segundo integrantes da equipe de Lula, deve ser facilmente compreendida por todos os brasileiros, já que o Pix é amplamente usado no Brasil, com 160 milhões de usuários cadastrados.
Segundo pesquisa feita pelo Google, ele é usado com frequência por 62% dos brasileiros e lidera em todas as classes sociais.
Qualquer ameaça aos pagamentos e transferências gratuitos e instantâneos, portanto, atingiria cada um de seus usuários – facilitando a união em torno de sua defesa.
Além disso, mostrar zelo pelo Pix não seria algo artificial: ministros e autoridades afirmaram à coluna acreditar que a adoção do sistema é de fato uma das principais causas de descontentamento de Trump com o Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na quinta (24) à rádio Itatiaia, por exemplo, que o interesse dos EUA pelo Pix é “dinheiro”.
A gratuidade e a eficiência das operações afetaria diretamente as bandeiras norte-americanas de cartão de crédito, na visão do governo.
O próprio Lula já afirmou que Trump está preocupado porque o Pix “vai acabar com o cartão de crédito nesse país”. A situação, segundo um ministro, deve se agravar para os norte-americanos que exploram o negócio quando o Pix passar a funcionar por aproximação e permitindo pagamentos parcelados.
Nesta visão, Jair Bolsonaro estaria sendo usado por Trump como mero “boi de piranha” para justificar medidas que visariam, na verdade, proteger interesses comerciais dos EUA.
Mas o Pix, ao contrário de Bolsonaro, não divide o Brasil e por isso o governo acredita que seria tão fácil e eficiente fazer a sua defesa.
(Com informações do blog da Mônica Bergamo, no jornal Folha de S.Paulo)