Segunda-feira, 04 de agosto de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 3 de agosto de 2025
Com o fim do recesso parlamentar e o requerimento de instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS já lido pelo presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), os partidos devem concluir as indicações dos integrantes do colegiado a partir desta semana. Visto como principal alvo do colegiado, o governo tenta se preparar para conter os desgastes.
Aliados do Palácio do Planalto já ganharam fôlego ao emplacar um governista, o senador Omar Aziz (PSD-AM), na presidência da comissão. A batalha agora é para influenciar na relatoria, posto que é considerado até mais relevante, porque vai controlar os pedidos de indiciamento.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), já sinalizou que não vai escolher um deputado da base para o cargo, mas também tem resistido a escolher um bolsonarista. O nome do relator deve vir de algum partido do Centrão e ser ligado ao próprio Motta, o que vai forçar o governo a negociar com o chefe da Casa. Ele sinalizou que deve definir o relator após reunir consenso entre os líderes partidários e que a indicação deve ser formalizada este mês.
Governistas já dão como certas as convocações à CPI do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, do atual ocupante do cargo, Wolney Queiroz, além do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto.
— Eu tenho pedido que nossos técnicos preparem todos os documentos, dados, informações para disponibilizar — disse Wolney Queiroz, que dá como a certa a presença e já começou a preparação.
Há também uma pressão de bolsonaristas para mirar em um dos irmãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Frei Chico, que é ligado ao Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), uma das entidades citadas em relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontou possíveis fraudes nos descontos de aposentados. Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega qualquer irregularidade.
O deputado Alencar Santana (PT-SP), um dos vice-líderes do governo e futuro integrante da CPI, minimizou o impacto negativo para o governo e declarou que as irregularidades já apareciam antes da gestão de Lula, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
— É só demonstrar a verdade, de quando começou e quem são os envolvidos.
O senador Otto Alencar (PSD-BA), que também vai participar da comissão e é da base do governo, adotou um discurso que de que a apuração deverá ser ampla:
— Tem que investigar profundamente, sem excluir ninguém, nem do primeiro escalão da época nem os responsáveis pelas associações. E, de acordo com as provas, fazer o relatório e aprovar.
Depois de se posicionar inicialmente contra a CPI, o governo reviu a estratégia em junho e passou participar das articulações para a criação dela, com o objetivo de ter influência sobre os rumos. A estratégia funcionou e a sinalização é que bolsonaristas fiquem fora da relatoria e da presidência da comissão.
Apesar disso, parlamentares de partidos de centro, inclusive aqueles aliados do governo, têm pregado que a vice-presidência da CPI fique com um nome da oposição. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), uma das autoras do requerimento que criou a comissão, é apontada como nome para vice, mas ainda não há um martelo batido.
Fraude bilionária
A crise começou quando a Polícia Federal e a CGU deflagraram no fim de abril uma megaoperação para combater descontos não autorizados em aposentadorias e pensões pagas pelo INSS. Ou seja: os valores eram retirados dos contracheques como se os beneficiários tivessem se tornado membros de associações que, muitas vezes, sequer conheciam. As investigações apontam que a soma das verbas desviadas chega a R$ 6,3 bilhões, entre 2019 e 2024.
O chefe do órgão, Alessandro Stefanutto, foi afastado do cargo por decisão judicial e depois demitido pelo presidente Lula. Poucos dias depois, o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pediu demissão.
Formação da cúpula e depoimentos
Colegiado da CPI
Serão definidos o relator, que deve ser alguém ligado a Hugo Motta, e a vice-presidência, que tem a oposicionista Damares Alves como cotada.
Convocações
Governistas já dão como certos o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi; o atual, Wolney Queiroz; o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior; e o ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto. Bolsonaristas miram no irmão do presidente Lula, o sindicalista Frei Chico. As informações são do portal O Globo.