Domingo, 03 de agosto de 2025

Governo Lula vê espaço em efeito Trump para minar discurso da direita

Integrantes do Palácio do Planalto veem nas ações recentes de Donald Trump contra o Brasil a possibilidade de Lula (PT) ampliar a entrada em flancos eleitorais antes restritos ao bolsonarismo. Em acréscimo à defesa da soberania nacional e do patriotismo, avalia-se agora ser possível se beneficiar também do figurino antissistema, o de um político que não recuaria mesmo diante pressão do líder da maior potência mundial.

Apesar do impacto econômico da sobretaxa sobre a exportação brasileira, auxiliares de Lula enxergam na ofensiva do governo Trump uma chance de desidratar o discurso patriótico dos bolsonaristas. A intenção é imprimir em Jair Bolsonaro e seus seguidores a marca de traidores da pátria.

Lula amargou a pior popularidade de seu terceiro mandato em fevereiro de 2025, quando o Datafolha mostrou 41% de reprovação e apenas 24% de aprovação.

Após o Congresso lhe aplicar uma série de derrotas que culminaram na suspensão do decreto de aumento do IOF, no final de junho, Lula começou a obter um respiro após surtir efeito a campanha liderada pelo PT nas redes sociais que o colocava como defensor dos pobres em combate contra um Congresso e um empresariado empenhados em defender ricos e privilégios.

O alcance desse discurso foi apontado como decisivo na atitude de Lula de recorrer contra a derrubada da alta no IOF ao STF (Supremo Tribunal Federal), que acabou validando a maior parte do decreto governamental.

Paralelamente ao “ricos versus pobres” das redes, a investida de Trump contra o País, no caso da sobretaxa de 50%, e contra o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, alvo da restritiva Lei Magnitsky, levou o governo a não só seguir na tática para sair das cordas no Congresso como para entrar de vez no discurso da soberania verde e amarela —cores que, na política, foram monopolizadas pelo bolsonarismo há anos.

Ação nas redes

Na ofensiva publicitária digital montada não só pelo PT, mas pelo governo, o tema ganhou protagonismo — a peça “soberania nacional explicada por bichinhos”, por exemplo, teve mais de 5 milhões de visualizações no Instagram e ganhou uma continuação.

Além da questão da soberania, o governo viu também como bastante positiva a oportunidade de sair em defesa pública do popular Pix —mecanismo que foi protagonista de um abalo na imagem presidencial no início do ano quando bolsonaristas usaram normativa da Receita Federal para dizer que o governo poderia tributar as transações.

O governo Trump abriu investigação comercial que inclui o Pix como uma possível prática desleal do Brasil em relação a serviços de pagamentos eletrônicos.

A peça “Por Que o Pix Incomoda” tem mais de 4 milhões de visualizações no Instagram.

Do lado da oposição, a tentativa é classificar Lula e o ministro do STF como os responsáveis pelo tarifaço de Trump. E seguir tentando pressionar o Congresso e o Centrão, que por ora resistem, a colocar em marcha pautas como a anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro, limitações ao poder do Supremo e o impeachment de Moraes. As informações são da Folha de S. Paulo

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