Quarta-feira, 23 de abril de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 15 de maio de 2023
A paralisação nacional dos motoristas de aplicativos de transporte convocada para essa segunda-feira (15), pegou de surpresa alguns usuários de serviços como Uber e 99. Nas redes sociais, consumidores relatam que foram surpreendidos com os preços mais altos para as viagens ao tentar solicitar o transporte. Mas não houve uma queixa generalizada: apesar de alguns relatos, a adesão ao movimento foi abaixo do esperado e o serviço em diversas cidades do País operou normalmente.
A paralisação foi organizada por entidades como a Federação dos Motoristas de Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e pela Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp). A expectativa era de que a adesão chegasse a 70% da classe em todo o País durante 24 horas.
Eduardo Lima de Souza, presidente da Amasp e diretor da Fembrapp, informou que, até o momento, as empresas de transporte por aplicativo não se manifestaram sobre as demandas dos motoristas.
O representante diz ser difícil cravar números sobre a adesão ao movimento, mas diz que as corridas a preços dinâmicos – quando há mais solicitações do que carros disponíveis – teriam disparado na cidade de São Paulo, o que demonstraria uma boa adesão por parte dos trabalhadores. “Juntando todos os relatos, eu creio que a paralisação está dando muito certo, mesmo com alguns motoristas trabalhando”, diz.
Um levantamento da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) aponta que o País tem pelo menos 1,66 milhão de brasileiros trabalham, atualmente, como entregadores ou motoristas de aplicativos no Brasil.
Em nota, a Amobitec declarou que “respeita o direito de manifestação” dos motoristas. “As empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas”, afirmou a entidade.
Demandas
Segundo o presidente da Amasp, a paralisação ocorreu porque os motoristas de aplicativo estão recebendo o mesmo desde 2016. “Até hoje, o motorista mantém o valor das corridas ganhando a mesma coisa. O setor automobilístico aumentou suas peças, o valor do veículo, o petróleo teve aumentos consecutivos, e as empresas não acompanharam esse aumento”, explicou.
Outra reivindicação da categoria é com relação ao sistema de cobrança. “De 2019 para cá, as empresas mudaram o sistema de cobrança. Antes, você saía da sua casa para ir para o seu trabalho, por exemplo, você sabia que esse valor informado seria o mesmo que você pagaria. Atualmente, não é isso mais, e com isso a taxa cobrada dos motoristas também está sofrendo essa variação”, lamenta Souza.
“As empresas reajustaram os valores das tarifas para os passageiros, mas não repassaram para os motoristas, fazendo com que o valor de uma corrida chegue até 60% de desconto de taxa. Com isso, os motoristas estão trabalhando longas horas, chegando no final do dia com o lucro muito baixo, fazendo com que ele tenha que trabalhar todos os dias”, completa.