Quinta-feira, 03 de julho de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 16 de maio de 2025
O governo brasileiro informou nesta sexta-feira, 16, que o País registrou seu primeiro foco de gripe aviária (influenza aviária de alta patogenicidade, IAAP) em uma granja comercial. O caso foi confirmado em um matrizeiro (granja de produção de ovos férteis) de aves comerciais em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Após confirmação de caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul, medidas de contenção foram tomadas para evitar e disseminação de vírus.
Em nota, o ministério esclareceu que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos. Além disso, informou que as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no Plano Nacional de Contingência já foram iniciadas.
A gripe aviária é uma doença infecciosa que pode infectar aves e mamíferos. A transmissão do vírus para pessoas, no entanto, é difícil de acontecer.
Desde o ano de 2022, observa-se surtos de IAAP em aves domésticas, aves e mamíferos silvestres em vários países da região das Américas, como Argentina, Bolívia, Canadá, Chile, Estados Unidos, México, Peru, Uruguai, Venezuela e, mais recentemente, no Brasil. O vírus influenza subtipo A (H5N1) é predominante nesses surtos.
Em entrevista ao Estadão em 2023, quando o Brasil começou a registrar casos de gripe aviária em aves silvestres e domésticas (granjas de fundo de quintal), a médica infectologista Nancy Bellei, docente e chefe do laboratório de pesquisa sobre vírus respiratórios da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explicou que as aves são naturalmente reservatórios para o vírus influenza, mas que alguns tipos, como H5N, têm maior propensão a se tornarem altamente patogênico para esses animais, que passam a carregar a influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP).
“O vírus H5N1 é mais comum em aves domésticas, como galinhas, gansos, marrecos e alguns tipos de pato, mas algumas aves migratórias que fazem o circuito pelo mundo, buscando um clima melhor, também começaram a ser infectadas. E quando estão contaminadas, sobrevivem, no máximo, até 48 horas”, afirma.
Imporância
Nancy explica que a transmissão para as pessoas é mais rara porque os humanos, diferente das aves, não carregam os receptores para o vírus que transmite a gripe aviária. O que não significa, porém, que a população humana não esteja livre de contrair a doença. De acordo com a especialista, os riscos das pessoas de se contaminarem com o H5N1 vai depender da capacidade do vírus sofrer mutações que o tornem adaptado à espécie humana.
Se uma pessoa for exposta a aves suspeitas ou confirmadas com H5N1, ela deve ser monitorada pelo serviço de saúde local, e ficar isolada por 10 dias, tempo de incubação do vírus (período em que os sintomas se manifestam).
Se o paciente apresentar sintomas, é necessário coletar secreções de região da nasofaringe – como feito na covid-19 com o swab – e permanecer isolada até os sintomas desaparecerem.