Sábado, 02 de agosto de 2025

Guerra comercial: governo Lula congela ideia de retaliação ao tarifaço para investir em negociação com o governo Trump

Após o recuo parcial dos Estados Unidos no tarifaço ao Brasil, o Palácio do Planalto quer insistir na negociação com o governo de Donald Trump. Embora medidas de retaliação não estejam completamente descartadas, são tratadas em segundo plano, uma vez que a expectativa é de conseguir avançar em melhores condições para os setores afetados pela sobretaxa americana.

Na última quarta-feira, Donald Trump assinou uma ordem executiva determinando a aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, mas com centenas de exceções, como suco de laranja e aviões. Cerca de 45% dos produtos vendidos ao mercado americano ficaram de fora.

Se desconsideradas as tarifas específicas, 35,9% das exportações foram diretamente afetadas pela medida. O presidente americano ainda determinou que a medida começará a valer em sete dias, e não nesta sexta-feira, concedendo, na prática, mais tempo para a negociar termos mais favoráveis para os produtos que não escaparam do tarifaço, como café, carnes e pescados.

Medidas de retaliação poderiam ser aplicadas por meio da Lei de Reciprocidade, mas a ordem no Palácio do Planalto é reforçar o diálogo em todos os níveis. Os emissários de Lula estão mapeando a disponibilidade das autoridades americanas para uma nova rodada de conversas. Segundo interlocutores, a experiência da negociação com outros países mostra que os Estados Unidos costumam ceder aos poucos.

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a “negociação não terminou”. Para o governo, o dia de hoje representa o início da segunda fase do processo para tentar obter condições mais favoráveis.

No Ministério da Fazenda, o objetivo é abrir um novo canal de diálogo com o governo dos EUA por meio do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent. O ministro da Fazenda já esteve pessoalmente com a contraparte em maio e sua equipe vinha fazendo contatos para tentar marcar uma nova conversa, mas Bessent estava na Europa.

Haddad disse nessa quinta, porém, que a equipe de Bessent fez contato e deve marcar uma nova conversa entre os dois.

“A assessoria do secretário Bessent fez contato conosco ontem e que finalmente vai marcar a segunda conversa […] haverá agora uma rodada de negociações, e vamos levar às autoridades americanas o nosso ponto de vista”, esclareceu.

A intenção da Fazenda é de que o canal entre Haddad e Bessent funcione como um complemento ao contato entre Alckmin e o secretário de comércio de Trump, Howard Lutnick.

Enquanto Alckmin está mais focado nas tarifas e no efeito sobre os diferentes setores econômicos, o ministro da Fazenda conversaria sobre iniciativas que poderiam facilitar a relação bilateral. Aliados de Haddad garantem que o Brasil tem “cartas na manga”.

A equipe econômica ainda avalia que o Brasil já se preparou para o “primeiro round” do tarifaço, por meio do plano de contingência com medidas para os setores afetados. Na manhã desta quinta, Lula se reuniu com ministros para reavaliar o pacote após o recuo parcial de Trump.

A expectativa é de que o plano inclua algum subsídio ao crédito para os setores afetados, além de medidas para proteção de empregos.

Em participação no Mais Você, Alckmin disse que o objetivo é de que as medidas tenham o menor impacto fiscal possível, mas indicou que há possibilidade de o socorro aos setores afetados fique fora da meta, assim como aconteceu no plano de auxílio ao Rio Grande do Sul.

 

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