Quarta-feira, 30 de julho de 2025

Guerra comercial: Trump diz que tarifas serão de 15% a 20% para países que não tenham fechado acordos até sexta; situação do Brasil é incerta

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nessa segunda-feira (28) que espera aplicar tarifas entre 15% e 20% aos parceiros comerciais que não firmarem acordo comercial com Washington.

Caso a previsão se confirme, o Brasil será submetido a uma tarifa de mais que o dobro da aplicada ao restante do mundo, já que os produtos brasileiros estão sujeitos a uma taxa de 50% imposta por Trump.

“A tarifa mundial ficaria em algum lugar na faixa de 15% a 20%”, afirmou Trump em entrevista a jornalistas.

Trump também falou sobre a China, manifestando o desejo de que o país asiático abra seus mercados aos produtos dos EUA.

“Concluímos o acordo com a Indonésia, e eles abriram o mercado para nós. O Japão também liberou a entrada dos nossos carros e do nosso arroz. As Filipinas fizeram o mesmo […] e eu adoraria ver a China seguir esse caminho. Estamos negociando com eles neste momento”, afirmou.

As principais autoridades econômicas dos EUA e da China retomaram nessa segunda, em Estocolmo, as negociações para tentar resolver disputas comerciais de longa data entre as duas maiores economias do mundo.

O objetivo das conversas é prorrogar a trégua tarifária por mais três meses, segundo informações da agência Reuters.

A China tem até 12 de agosto para firmar um tratado tarifário duradouro com o governo Trump. O prazo foi definido após acordos preliminares entre Pequim e Washington em maio e junho, que buscavam encerrar semanas de escalada tarifária e disputas envolvendo minerais de terras raras.

Sem um acordo, as cadeias globais de suprimentos podem enfrentar nova turbulência, com tarifas dos EUA voltando a patamares de três dígitos — o que equivaleria a um embargo comercial bilateral.

China

As negociações em Estocolmo acontecem logo após o maior acordo comercial já firmado por Trump com a União Europeia, no domingo, que estabelece uma tarifa de 15% sobre a maioria das exportações do bloco para os EUA, incluindo automóveis.

O acordo com a UE também tem garantia de US$ 600 bilhões em investimentos europeus nos EUA. O acordo representa um avanço significativo na política tarifária, mas o trato precisa ser validado pelos países-membro e líderes europeus já contestam as bases do acordo.

Nas últimas semanas, Trump anunciou tratados com Reino Unido, Indonésia, Filipinas, Vietnã e Japão. Com os japoneses, o acerto prevê investimentos de US$ 550 bilhões e a aplicação de tarifas recíprocas de 15%.

Não se espera um avanço semelhante nas negociações entre EUA e China, mas analistas acreditam que é provável uma nova prorrogação de 90 dias da trégua tarifária e do controle de exportações firmado em meados de maio.

A prorrogação evitaria uma nova escalada nas tensões e abriria caminho para o planejamento de uma possível reunião entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping no fim de outubro ou início de novembro.

Um porta-voz do Tesouro dos EUA não comentou uma reportagem do jornal “South China Morning Post”, que citava fontes anônimas afirmando que os dois países evitariam impor novas tarifas ou medidas que pudessem intensificar a guerra comercial pelos próximos 90 dias.

O governo Trump se prepara para impor, nas próximas semanas, novas tarifas setoriais contra a China, incluindo sobre semicondutores, produtos farmacêuticos e outros itens.

“Estamos muito próximos de um acordo com a China. Nós realmente fizemos uma espécie de acordo com a China, mas vamos ver como isso vai se desenrolar”, disse Trump a repórteres no domingo (27).

Brasil ignorado

Por decisão de Trump, o Brasil estará sujeito a uma tarifa de 50% a partir de 1º de agosto. Durante a semana, o presidente Lula se queixou da falta de disposição do presidente Donald Trump para negociar.

No domingo, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou que o governo vem buscando negociação desde o anúncio das medidas, com “base em diálogo, sem qualquer contaminação política ou ideológica”.

“Reiteramos que a soberania do Brasil e o Estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano”, declarou o MDIC, em nota à imprensa.

Especialistas afirmam que os canais de comunicação entre Brasil e EUA, de fato, não são eficazes — o que mantém as negociações travadas. Para eles, um dos grandes obstáculos é a política comercial americana, que tem sido moldada por um forte viés geopolítico sob Trump.

Na prática, as decisões tarifárias partem diretamente da cúpula da gestão do republicano, ofuscando, por exemplo, as equipes técnicas da diplomacia e do Escritório do Representante de Comércio dos EUA — tornando a negociação ainda mais difícil.

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