Sábado, 05 de outubro de 2024

“Guerra não pode ser vencida nem pela Rússia nem pela Ucrânia”, diz Lula na Itália

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta quarta-feira (21), em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, a posição do Brasil na guerra da Ucrânia e disse que o conflito não pode ser vencido nem por Kiev nem pela Rússia.

A entrevista também abordou as relações do Brasil e da Itália, com o encontro do presidente brasileiro com a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, o relacionamento com a China, a Amazônia e a cúpula do Brics.

Guerra na Ucrânia e encontro com o papa

“Em 2020, quando encontrei [o papa], conversamos sobre a desigualdade no mundo, a busca de uma economia mais solidária. Logo depois veio a pandemia e a campanha eleitoral no Brasil. Agora encontro o Papa com esse conflito na Europa. Mandei um enviado especial, Celso Amorim, para Moscou e Kiev. Os dois países acreditam que podem vencer o conflito militarmente: eu discordo disso. Acho que tem pouca gente falando de paz. A minha angústia é que com tanta gente passando fome no mundo, com tantas crianças sem ter o que comer, ao invés de cuidar de resolver as desigualdades, estamos cuidando de guerra. É urgente que a Rússia e a Ucrânia encontrem o caminho da paz.”

Relações com a China

“O Brasil é um País que não tem contencioso com nenhum país do mundo e temos uma excelente relação com a China, que nas últimas décadas tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza e contribuiu muito para a economia mundial. Meu diálogo com a China tem sido sempre muito positivo e na direção de uma maior paz, harmonia, crescimento do comércio e da cooperação no mundo. A China é tão importante que até a Itália já aderiu à Iniciativa da nova Rota da Seda, à qual o Brasil não aderiu ainda.”

Cúpula do Brics e mundo multipolar

“A cúpula do Brics é importante para todos. Essa coalizão de economias emergentes mostrou a importância de acrescentar vozes diversas à discussão das questões globais. Acreditamos que um mundo multipolar seja melhor do que uma supremacia unipolar ou uma disputa bipolar. A criação de diferentes redes, diferentes arranjos de países, pode ajudar a equilibrar e contrabalançar as tendências e as tensões conflitantes. Por exemplo, o Conselho de Segurança da ONU é uma estrutura a reformar. Ele representa o equilíbrio de poder do mundo em 1945. Quase 80 anos depois, muita coisa mudou e precisamos de um Conselho mais amplo, mais representativo, com vozes da América Latina e da África, para que realmente contribua para a paz e a segurança no mundo.”

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