Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 11 de novembro de 2022
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega afastou a possibilidade de ser nomeado ministro do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista ao canal GloboNews, na tarde desta sexta-feira (11), afirmou que deve ficar na “retaguarda” da nova gestão e também defendeu a necessidade de a próxima equipe estabelecer uma nova âncora fiscal, alternativa ao teto de gastos.
“As pessoas que estão lá não são um grupo ministerial. Claro que poderão ser escolhidas pessoas que estão lá. Eu, por exemplo, não serei ministro. Já estou indicando. Já fui ministro do Planejamento, já fui ministro da Fazenda e não
pretendo ser mais ministro. Saio dessa vanguarda e fico na retaguarda, ajudando com conselhos e tudo mais”.
Mantega foi anunciado nesta semana como parte da equipe de transição do governo eleito, onde coordenará o grupo temático de Planejamento, Orçamento e Gestão. O anúncio, feito no mesmo dia do discurso de Lula que
provocou reação negativa no mercado financeiro, levantou a possibilidade do ex-ministro mais longevo na Fazenda voltar à Esplanada.
“Essa questão do grupo de transição está sendo superestimada. Inclusive eu tenho recebido congratulações por desempenhar um [suposto] cargo. Nada disso. O grupo de transição é para ajudar o novo governo a conhecer e
modificar a estrutura do governo anterior e poder governar”, afirmou.
Para o ex-ministro, no entanto, a discussão sobre uma nova âncora fiscal tem que ficar para o próximo ano, ou o governo já começa “com as mãos amarradas”. “Governo Lula sempre trabalhou de forma transparente, deixando claro quais são as regras que ele vai seguir, quais os objetivos”.
Mantega também comentou o discurso feito na quinta-feira (10) pelo presidente eleito — que motivou turbulência no mercado. “Mercado pode ficar tranquilo porque o presidente falou ontem que foi o mais responsável em termos sociais e fiscais, e você tem que juntar essas duas coisas, senão não é um bom governo”. “Presidente Lula é a favor do equilíbrio fiscal. Ele sabe que se você acumular dívida enorme, o país quebra”, concluiu.
Âncora fiscal
Mantega defende a necessidade de uma nova âncora fiscal, mas disse não saber ao certo qual a melhor alternativa. O ex-ministro, porém, lembrou que o governo Lula, em seus mandatos anteriores, sempre caminhou em direção ao
equilíbrio fiscal.
“Nós precisamos de uma âncora fiscal, mesmo porque o país tem que caminhar com equilíbrio das contas públicas. Aliás foi o que o governo Lula sempre fez. Oito anos de governo Lula, oito anos de superávitfiscal e redução da dívida pública”, afirmou.
Apesar de dizer não saber qual a melhor âncora fiscal a ser usada, o ex-ministro destacou que podem ser feitos ajustes para flexibilizar o atual teto de gastos, excepcionalizando investimentos, por exemplo. “[Ou] voltar ao antigo
modelo de superávits primários e fazer algumas modernizações nesse modelo”, como a adoção de regras para determinados gastos, como o reajuste do salário mínimo.
“Tem que dar flexibilidade. O teto de gastos colocou uma camisa de força no Estado brasileiro e isso resultou num crescimento pífio do país. Sem crescimento você não tem recurso para fazer as coisas”, afirmou.
Em relação ao Orçamento proposto para 2023, principal objeto de negociação da equipe de transição com o Congresso — via PEC da Transição —, Mantega classificou como “catástrofe”. “É impossível governar com aquele orçamento que ele deixou. Falta medicamento na Farmácia Popular, falta merenda nas escolas, falta de investimento”, destacou.