Segunda-feira, 04 de agosto de 2025

HBO bate o martelo e encerra série polêmica que dividiu os fãs

A HBO Max anunciou oficialmente o cancelamento da série “And Just Like That” após três temporadas controversas, encerrando definitivamente o universo de “Sex and the City” que marcou uma geração. O showrunner Michael Patrick King revelou que a decisão foi tomada durante a escrita do episódio final, transformando o que seria uma temporada comum em um encerramento definitivo da franquia.

A série se tornou um fenômeno de “hate-watching”, onde milhões assistiam apenas para criticar as escolhas narrativas bizarras.

O conceito de “hate-watching” encontrou seu exemplo perfeito em “And Just Like That”, onde milhares de fãs assistiam religiosamente aos episódios apenas para dissecar suas falhas narrativas. Segundo a Merriam-Webster, hate-watching é definido como “assistir um programa televisivo pelo prazer derivado de zombar ou criticar”.

O TikTok se tornou o epicentro dessa crítica coletiva, com usuários como Sabrina Bendory acumulando mais de meio milhão de visualizações analisando as “escolhas narrativas bizarras” da série. A psiquiatra Gail Saltz, do New York Presbyterian Hospital, explica que “é uma forma socialmente aceitável de ser altamente crítico e se sentir conectado aos outros”.

As críticas mais contundentes apontavam para a transformação dos personagens icônicos em “caricaturas” de suas versões originais. Cynthia Nixon como Miranda foi especialmente criticada por sua atuação “infantilizada”, com fãs descrevendo sua empolgação com balões rosa como “completamente fora do personagem”.

Kelly Lawler, da USA Today, descreveu a série como “ligeira e superficial como um par de Manolo Blahniks de imitação, pouco imaginativa e entediante”. A crítica destacou que “depois de três temporadas, não perdeu sua inclinação por diálogos pouco realistas e por fazer seus personagens antipáticos e incoerentes”.

A recusa de Kim Cattrall em retornar como Samantha Jones criou um vácuo narrativo que a série nunca conseguiu preencher adequadamente. Cattrall eventualmente fez uma participação especial na segunda temporada, pelo qual supostamente recebeu cerca de US$ 1 milhão, mas sua ausência permanente alterou fundamentalmente a química do grupo.

Fãs consistentemente apontavam que “você pode definitivamente sentir” a falta de Samantha, especialmente porque a abordagem da sexualidade na nova série se tornou “prudente e desajeitada” comparada ao tratamento “audacioso e pioneiro” do original. A ausência da personagem mais desinibida deixou as outras três amigas “se encontrando muito menos” e perdendo a coesão narrativa.

A ausência de Patricia Field, stylist icônica do original, foi profundamente sentida pelos espectadores. Embora Molly Rogers tenha sido recomendada por Field, os figurinos foram consistentemente criticados como “exagerados” e sem o “brilho” característico que definia o visual das personagens.

A eliminação das voice-overs de Carrie, que estruturavam os episódios originais através de suas reflexões sobre relacionamentos, deixou a nova série “sem foco”. Esses monólogos internos amarravam os subplots e ofereciam insights filosóficos que se tornaram marca registrada da franquia original.

O fenômeno do hate-watching de “And Just Like That” representa um paradoxo emocional fascinante. Como comentam usuários em redes sociais: “Não consigo desviar o olhar. Uma parte de mim ainda mantém a falsa esperança de um retorno ao SATC que conheci e amei”.

Gail Saltz compara o fenômeno ao cyberbullying mais brando, explicando que “é da natureza humana querer se sentir superior. Nos faz sentir menos inseguros quando menosprezamos outros”. A diferença é que, tratando-se de um programa de TV, “parece um crime sem vítimas”, permitindo que os espectadores canalizem frustrações sem consequências reais.

Reações

As reações ao cancelamento revelaram a ambivalência profunda dos fãs em relação à série. Enquanto alguns expressaram “tristeza genuína” por ver o fim definitivo do universo “Sex and the City”, outros demonstraram “alívio” por não precisarem mais testemunhar a “deterioração” de personagens que amavam.

Sarah Jessica Parker encerrou sua jornada de 27 anos como Carrie Bradshaw com uma mensagem emotiva no Instagram, descrevendo a personagem como “meu pulso profissional por 27 anos”. O final em duas partes, que será exibido em 14 de agosto, expandiu a ordem original de 10 para 12 episódios, oferecendo um encerramento mais elaborado para a franquia.

Legado contraditório

“And Just Like That deixa” um legado único na televisão moderna como exemplo definitivo do hate-watching contemporâneo. A série provou que o amor nostálgico por personagens icônicos pode sustentar audiências mesmo quando a qualidade narrativa declina drasticamente.

O fenômeno demonstrou como as redes sociais transformaram a experiência de assistir televisão em uma atividade comunitária de crítica coletiva. Plataformas como TikTok se tornaram espaços onde a análise crítica de programas ruins se transformou em entretenimento próprio, criando um meta-comentário sobre a cultura pop contemporânea.

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