Terça-feira, 11 de novembro de 2025

Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, realiza cirurgia que permite tratar à distância a doença de Parkinson. Procedimento é inédito no País

O Hospital Moinhos de Vento (HMV), em Porto Alegre, realizou neste mês uma cirurgia para implantação de dispositivo que permite ajustar o tratamento remoto da doença de Parkinson. Inédito no País, o procedimento teve como paciente um uruguaio que permanecerá em seu país, sendo acompanhado pela equipe médica na capital gaúcha.

Essa tecnologia utiliza uma técnica de estimulação profunda conhecida como DBS (“Deep Brain Stimulation”, em inglês), por meio de dispositivo inserido no cérebro e que emite impulsos elétricos para controlar sintomas como tremores, rigidez e lentidão, em estágios moderados ou mesmo avançados da doença. O sistema é então programado para agir á distância, contando para isso com um aplicativo de celular.

Com isso, não há necessidade de consultas presenciais. O gerador é recarregável e também pode ser programado à distância pelo médico, garantindo maior conforto e praticidade tanto ao médico quando ao paciente.

De acordo com o coordenador do Núcleo de Neuromodulação e Distúrbios do Movimento HMV, Alexandre Reis, trata-se de um avanço que amplia o acesso ao tratamento e melhora a qualidade de vida de quem mora longe dos centros especializados. É o caso do cidadão do país vizinho, mencionado na reportagem.

Saiba mais

A doença de Parkinson atinge cerca de 200 mil pessoas no Brasil e aproximadamente 1% da população mundial com mais de 65 anos. Sem cura até o momento, tem sido frequente motivo de estudo de nossos cientistas, além de importante motivo de preocupação de pacientes e familiares.

Conforme a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), ainda não há uma solução efetiva. Mas os avanços da medicina têm permitido ações cada vez mais eficazes para reduzir a progressão e os danos causados.

Profissionais de 14 universidades do País definiram, em 2023, uma série de diretrizes destinadas a padronizar o tratamento. Tais recomendações estão divididas em três principais categorias: tratamento medicamentoso, tratamento cirúrgico e reabilitação.

No pilar do tratamento medicamentoso, há as classes de medicação comumente utilizadas no Brasil e no mundo, apresentando bons benefícios a longo prazo. As drogas dopaminérgicas incluem levodopa, agonistas dopaminérgicos (DA), inibidores da enzima monoamino oxidase-B (MAO-B) e inibidores da catecolorto-metiltransferase (COMT). Já as não-dopaminérgicas são a amantadina e os anticolinérgicos, pouco utilizados atualmente.

Quanto à indicação de cirurgia, a diretriz compila atualizações sobre o momento mais propício para o procedimento. Se antigamente a cirurgia era indicável em fases mais tardias, hoje tem sido uma opção a pacientes em fase moderada da doença – eles tomam remédios de forma otimizada mas permanecem com sintomas que atrapalham a qualidade de vida.

Nessa condição, outros critérios devem ser levados em consideração: tempo de diagnóstico da doença superior a 5 anos, ausência de demência ou alteração neuropsiquiátrica grave, e resposta à levodopa maior que 33%. Se atendida essas premissas, um portador que sofra com flutuação motora ou de tremor refratário pode ser um bom candidato à cirurgia.

A reabilitação é o outro pilar essencial no tratamento do Parkinson. Quanto mais precoce a intervenção na atividade física no paciente, melhor será sua evolução: daí a importância do fisioterapeuta, com o papel de orientar e estimular treinos funcionais para o desenvolvimento da capacidade física.

Nesta etapa, também pode ser necessário o acompanhamento fonoaudiólogo, visto que o paciente de Parkinson pode sofrer alteração da fala e da deglutição. Por fim, as diretrizes fazem especial destaque para a terapia ocupacional, a partir das dificuldades que o paciente já tem, e com foco na melhora da adaptabilidade ao cotidiano.

(Marcello Campos)

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