Quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Ibovespa fecha aos 146 mil pontos pela primeira vez; dólar cai a R$ 5,27 e fecha no menor valor em 1 ano

O dólar teve forte queda de 1,11% nesta terça-feira (23) e encerrou a sessão cotado a R$ 5,27 — o menor valor para a moeda norte-americana em mais de um ano.

A divisa chegou a tocar R$ 5,276 na mínima do dia, em meio às expectativas recalibradas dos investidores em torno das tensões tarifárias, políticas e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. A última vez que o dólar esteve nesse patamar foi em 6 de junho do ano passado, quando fechou em R$ 5,254.

A injeção de ânimo também chegou à Bolsa brasileira, que renovou o recorde de fechamento mais uma vez. O Ibovespa fechou em forte alta de 0,96%, a 146.509 pontos, segundo dados preliminares, tendo atingido a máxima de 147.178 pontos no pico do pregão.

Os discursos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), realizados pela manhã, foram os principais responsáveis pelo desempenho dos ativos nesta sessão.

Foi a primeira vez que ambos os líderes ficaram no mesmo ambiente desde que Trump aplicou sanções ao Brasil, em maio, e, antes de deixar o púlpito, o republicano afirmou que irá se encontrar com Lula na próxima semana. Ao fim de seu discurso, marcado por críticas às Nações Unidas, Trump confirmou que se encontrou brevemente com Lula antes de subir ao palco e que houve “excelente química” entre os dois.

“Eu só faço negócios com pessoas que eu gosto. E eu gostei dele, e ele de mim. Por pelo menos 30 segundos nós tivemos uma química excelente, isso é um bom sinal”, disse o americano, que discursou após o petista. Ele afirmou que ambos os líderes vão se encontrar na próxima semana, em um aceno à desescalada de tensões entre os dois países.

A sinalização deu fôlego para as cotações, levando o dólar à mínima em mais de um ano e a Bolsa a um novo recorde intradiário.

“Abre-se caminho para o que não tinha acontecido até agora: Trump sentando à mesa para conversar com o Brasil. Pode ter uma flexibilidade nas tarifas de 50%, aumento da lista de isenção… Ele disse pouco, mas é uma sinalização muito valiosa”, diz Daniel Teles, especialista e sócio da Valor Investimentos.

O discurso de Trump sucedeu o de Lula. O presidente dos Estados Unidos estava em uma sala reservada da ONU e acompanhou todo o discurso do brasileiro, recheado de críticas a ações dos Estados Unidos. O petista entrou na sala ao deixar o púlpito. Trump tomou a iniciativa de falar com ele, porque já estava no local quando o presidente chegou, segundo integrantes do governo.

Trump disse que eles precisavam conversar. Lula afirmou estar aberto a fazer conversas, que sempre esteve. O americano então sugeriu que poderia ser na próxima semana a reunião, ao que Lula confirmou.

O encontro aconteceu um dia após o governo Trump ampliar as sanções a autoridades brasileiras e ao entorno do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em reação à condenação de Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos de prisão.

Ao citar o julgamento do ex-presidente no discurso, Lula defendeu a legitimidade do processo. “Bolsonaro teve amplo direito de defesa. Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam”, disse, em alfinetada a Trump. Ele voltou a dizer que “nossa democracia e soberania são inegociáveis”.

Antes dos discursos, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, endereçou a guerra comercial entre os dois países em entrevista ao ICL Notícias. Para ele, a imposição de sobretaxas sobre produtos brasileiros, em especial commodities, foi um “tiro no pé”, uma vez que a medida, “impensada”, penaliza o consumidor americano ao encarecer “o café da manhã, o almoço e o jantar”.

 

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