Sexta-feira, 05 de dezembro de 2025
Por Redação do Jornal O Sul | 5 de dezembro de 2025
Depois de bater um novo recorde intradia mais cedo, o Ibovespa mudou de humor e fechou em forte queda. Nesta sexta-feira (5), o índice despencou 4,31% aos 157.369,36 pontos, depois de atingir mínima aos 157.006,61 pontos.
No câmbio, o dólar hoje subiu 2,29% cotado a R$ 5,4318 no final do pregão, depois de atingir máxima a R$ 5,4840. Esse foi o maior valor de encerramento para a divisa desde o dia 16 de outubro.
O mercado repercutiu a notícia de que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria indicado o filho, Flávio Bolsonaro, para concorrer à presidência da Republica em 2026. Investidores têm como favorito para a disputa o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
O índice sofreu a maior queda diária, em termos percentuais, desde 22 de fevereiro de 2021, quando tombou 4,87%, segundo dados da Elos Ayta Consultoria. Apenas quatro ações subiram: Suzano (SUZB3), Weg (WEGE3), Braskem (BRKM5) e Klabin (KLBN11).
“Os mercados acabaram piorando depois da sinalização de que Flávio Bolsonaro deve ser o nome escolhido pelo bolsonarismo para a disputa eleitoral. A percepção predominante entre analistas é de que ele enfrenta um nível de rejeição elevado e tem dificuldade para ampliar sua base para além do eleitorado já alinhado à direita”, afirma Ricardo Pompermaier, estrategista-chefe da Davos Investimentos.
Segundo ele, esse aspecto importa porque reduz a competitividade da direita e aumenta a chance de um segundo turno menos favorável para esse grupo. “Quando o mercado identifica um candidato com baixa capacidade de crescimento, costuma aumentar a cautela, não necessariamente por preferência política, mas porque isso reduz a previsibilidade sobre qual agenda econômica pode prevalecer no próximo governo”, diz.
O estrategista-chefe da RB investimentos, Gustavo Cruz, afirma que o mercado financeiro entende que Flávio Bolsonaro não seria um candidato competitivo para a corrida eleitoral de 2026. De acordo com Cruz, independentemente de quem vencer as eleições, seria importante ter um governo com apoio de maioria consolidada no Congresso para haver avanços na sustentabilidade das contas públicas.
“Boa parte do governo Bolsonaro e todo o Lula foi sem [apoio majoritário do Congresso], e isso prejudicou muito o avanço fiscal. Michel Temer governou com maioria, e a situação melhorou muito com ele. O ideal seria que o Brasil elegesse um presidente e um Congresso que o apoie”, opina.
Mais cedo, o Ibovespa chegou a subir e atingir máxima histórica a 165.035,97 pontos, enquanto investidores monitoravam o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que avançou 0,3% em setembro ante agosto.
Na comparação anual, houve alta de 2,8% em setembro. Analistas ouvidos pela FactSet previam acréscimo mensal de 0,2% do PCE e avanço anual de 2,8%. O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed).
Apesar de ser um dado de setembro e de ter vindo um pouco acima do esperado, não altera as apostas de um novo recuo de 0,25 ponto porcentual nos juros pelo Fed na semana que vem, na visão de Pedro Cutolo, estrategista da ONE Wealth Management.
Nesta sexta-feira, os investidores também se concentraram em dados de inflação do Brasil. Logo pela manhã, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de novembro. Embora o IGP-DI tenha subido 0,01% no mês passado, após ter recuado 0,03% em outubro, acumulou queda de 0,44% em 12 meses. Trata-se do primeiro declínio nessa base de comparação desde abril de 2024 (-2,32%).