Quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Inelegível, Bolsonaro volta à Polícia Federal pela quarta vez, agora para depor sobre “trama” com o senador Marcos do Val

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou à sede da Polícia Federal (PF) em Brasília nessa quarta-feira (12), para prestar o quarto depoimento do ano à corporação. Agora, o ex-chefe do Executivo foi questionado sobre suposta reunião golpista denunciada pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) que envolveria também o ex-deputado Daniel Silveira.

A nova oitiva do ex-presidente foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, ainda em junho, logo depois de endereços ligados ao senador serem alvos de buscas em uma nova fase da investigação.

Em fevereiro, Marcos do Val alegou ter sofrido coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado – mas deu versões diferentes sobre o caso. Em razão das divergências, Alexandre de Moraes mandou abrir inquérito para verificar se o senador mentiu no depoimento à PF sobre o tal do plano golpista.

Em um primeiro momento, Marcos do Val afirmou que teria sido recebido por Bolsonaro numa reunião no Palácio da Alvorada e o então chefe do Executivo teria sugerido que o parlamentar gravasse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. Segundo essa versão, Bolsonaro chamou Do Val à residência presidencial para dar a ele essa missão.

Depois de receber ligações do clã Bolsonaro, Do Val mudou o relato. Disse que a ideia não partiu de Bolsonaro, mas do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

“O que ficou claro para mim foi o Daniel achando uma forma de não ser preso de novo, porque toda hora ele descumpria as ordens do ministro (Moraes). Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente (Bolsonaro) comprando a ideia dele”, afirmou em entrevista coletiva em seu gabinete no Senado.

Depoimento

No depoimento de cerca de duas horas, Bolsonaro negou que tenha discutido um plano, com o senador Marcos do Val e com o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), para gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

À PF, Bolsonaro confirmou que se encontrou com Do Val e Daniel Silveira no Palácio da Alvorada, mas disse que, na reunião, “nada foi falado” sobre o ministro do Supremo ou sobre prática de algum ato antidemocrático. E que também não trataram sobre equipamentos de escuta ou gravação.

Após o depoimento, Bolsonaro deu entrevista, na qual afirmou que “nada aconteceu” na reunião.

“O motivo do depoimento de hoje é uma reunião que eu estive, sim. Marcos do Val e Daniel Silveira no dia 8 de dezembro do ano passado. O que foi tratado? Nada. Nada aconteceu no dia 8 de dezembro. Até porque eu não tinha nenhum vínculo com o senhor Marcos do Val. Que eu me lembre, eu nunca tive uma reunião com ele, nunca o recebi em audiência, a não ser talvez em fotografia que é muito comum entre nós”, declarou Bolsonaro.

A audiência, segundo o ex-presidente, durou cerca de 20 minutos. O encontro ocorreu no dia 8 de dezembro de 2022. Bolsonaro disse à PF que recebeu uma ligação de Daniel Silveira, que afirmou que Marcos do Val queria falar com ele. Bolsonaro disse não saber de quem partiu a iniciativa de marcar o encontro. E que, antes disso, não tinha tido contato com Do Val.

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