Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

Inflação, juros, mercado de trabalho e isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês estão entre os principais pontos analisados por economistas

Inflação, mercado de trabalho, isenção do Imposto de Renda e preço dos alimentos são temas que pesam diretamente no bolso dos brasileiros e devem continuar no centro do debate em 2026.

No quadro geral, os especialistas divergiram quanto às previsões. Para a professora colaboradora no Programa de Pós-graduação em economia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Fernanda Feil, o cenário econômico brasileiro para 2026 é positivo.

“De forma geral, minha previsão para o cenário econômico brasileiro em 2026 é positiva, com crescimento, mas ainda abaixo do potencial do País”, diz. Segundo ela, o Brasil entra no próximo ano “com fundamentos melhores do que em ciclos anteriores”.

“A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil aumenta a renda líquida de milhões de trabalhadores e ajuda a sustentar o consumo, especialmente nos serviços e no comércio”, analisa.

O economista e professor da Estácio Jeferson Carvalho projeta que o cenário será de crescimento moderado, após a recuperação econômica de 2025: “De acordo com o boletim recente do Boletim Focus, temos uma previsão de crescimento do PIB em 2025 de 2,25%. Para 2026, a previsão é de um crescimento de 1,8%.”

“Essa moderação pode ser explicada pela elevada taxa básica de juros que temos atualmente (15% ao ano). Nesse caso, mesmo se ela for reduzida em 2026, não dará impacto à produção de 2026, dada a defasagem do impacto de políticas monetárias na economia real”, explica o professor da Estácio.

Já para o economista e líder de Mercado de Capitais da Crowe Macro Brasil Ricardo Rodil, a situação econômica, de forma geral, tende a ser mais difícil.

“Pela primeira vez na vida, não estou muito otimista. A inflação não vem cedendo o que poderia se esperar do remédio amargo dos juros altos, ainda mantidos nas alturas pelo Banco Central”, afirma. O especialista pontua que, apesar de o cenário econômico não ser limitado pela taxa Selic, há outros fatores que contribuem para a sua previsão.

Entre os maiores desafios econômicos para 2026 citados pelos especialistas, estão a taxa Selic, a dívida pública, o cenário externo e as incertezas políticas.
O professor de Ciências Econômicas Miguel Bruno, da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, assegura que a redução da taxa de juros e a expansão industrial devem ser prioridades na agenda do País para o próximo ano.

“Se o governo estiver realmente preocupado com o desenvolvimento brasileiro, os maiores desafios estão na busca de taxa reais de juros menores e estimulantes do investimento produtivo”, observa.

Alexandre Despontin, fundador e CEO da Mérito Investimentos, cita a redução da dívida pública como sendo um dos maiores desafios para o País.

Considerando o cenário de eleições em 2026, a tendência é de que o governo aumente os gastos públicos e, devido à arrecadação não aumentar na mesma proporção, devemos ter um maior déficit fiscal”, frisa.

IR

A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil é avaliada de forma positiva pelos especialistas. Segundo eles, em um primeiro momento, a medida deve impulsionar o consumo sem necessariamente comprometer a arrecadação.

Sérvulo Mendonça, chairmain da Holding SM, explica que a isenção pode reforçar a renda disponível das faixas mais baixas e estimular o consumo imediato:

“Isso ocorre ao mesmo tempo em que deve acender o alerta sobre a necessidade de compensações fiscais que preservem o equilíbrio das contas públicas.”

Inflação e juros

De forma geral, os especialistas acreditam que taxa básica de juros do Brasil deve chegar aos 12%, mas que a redução depende de alguns fatores. No dia 10, o Banco Central decidiu, de forma unânime, manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 15% ao ano.

“Existe a expectativa de manter a Selic em 12% até o final de 2026. O que poderia forçar o BC a elevar ainda mais essa taxa seria um ambiente econômico volátil e imprevisível, principalmente considerando as decisões tomadas pelo governo do Brasil ao longo da corrida eleitoral”, esclarece o professor Jeferson Carvalho. “Basicamente, se o risco Brasil aumentar, infelizmente veremos a taxa em patamares ainda mais elevados”, alerta.

Mercado de trabalho

O Brasil criou 1,5 milhão de empregos formais entre janeiro e agosto de 2025, alcançando um recorde de 48,69 milhões de vínculos com carteira assinada. Para 2026, especialistas apontam um cenário de estagnação.

“Em relação ao mercado de trabalho brasileiro, que apresentou um desempenho surpreendentemente em 2024 e 2025, com mérito das políticas econômicas do governo atual, deve entrar em um período de desaceleração modesta, resultado do crescimento reduzido que se espera do PIB em 2026”, observa o docente da Estácio Jeferson Carvalho.

Ricardo Rodil enfatiza que não acredita em mudanças significativas. “Não esperaria grandes mudanças no mercado de trabalho verdadeiro e não naquele retratado pelo índice de desemprego na sua forma atual, onde quem vive de programas sociais e não procura emprego não é considerado desempregado.” (Com informações do jornal O Dia)

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