Segunda-feira, 07 de julho de 2025

Insatisfação com sistema de pedágios na BR-116 será manifestada por representantes gaúchos à equipe de transição do governo

Integrantes da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa devem se reunir, na semana que vem, com o grupo de infraestrutura da equipe de transição do governo federal. Na pauta, as obras de duplicação da rodovia BR-116 e a contrariedade ao sistema de pedágio no trecho da estrada entre Porto Alegre e Camaquã (Centro-Sul do Estado).

A cobrança de tarifa rodoviária tem sido, nos últimos anos, motivo de insatisfação na região, em meio a reclamações sobre inviabilidade dos preço praticados e falta de contrapartida das concessionárias.

Com a intenção do governo federal de implantar mais cinco praças de pedágio em território gaúcho cruzado pela BR-116 (média de uma a cada 30 quilômetros), o assunto voltou à baila.

Os pontos onde deverão ser instaladas as unidades são Camaquã, Barra do Ribeiro e Eldorado do Sul, mais  duas em locais estrategicamente escolhidos para evitar rotas de fuga.

O anúncio foi feito pelo presidente do colegiado, Zé Nunes (PT), após audiência pública sobre o tema na própria cidade. Contrário ao modelo adotado pela gestão do presidente Jair Bolsonaro, o parlamentar defende a suspensão do processo de concessão para que o próximo governo (que assume em janeiro) decida.

No encontro que pretende ter com a equipe de transição, os representantes do Rio Grande do Sul devem propor uma concessão envolvendo todas as rodovias federais no Estado, a fim de buscar o equilíbrio e evitar que uma região seja mais onerada.

Na ponta do lápis

A tarifa em trechos de pista simples será de R$ 11,54 para carros. Já onde houver duplicação o valor subirá para R$ 16,15. Nesse sentido, Zé Nunes sustenta que a Metade Sul do Estado não tem como arcar com novas despesas:

“Se confirmado o preço da licitação, será o pedágio mais caro do Estado”, acredita o deputado estadual. Ele calcula serem necessários quase R$ 100 para cruzar os pedágios em um deslocamento entre São Lourenço do Sul e Porto Alegre. “É um absurdo. O valor equivale à metade do que se gasta com combustível.”

Durante as quase três horas de duração da audiência pública, líderes políticos, empresariais e de trabalhadores manifestaram contrariedade ao projeto em curso. Os principais argumentos são de que o modelo proposto encarece a produção, prejudica os negócios já existentes e afugenta novos empreendimentos na região.

Com a palavra…

A presidente da Associação Comercial e Industrial de Camaquã, Paola Fonseca, adiciona o fato de que novas praças de pedágios na região inviabilizarão também a agricultura. Ela revelou que apenas o aumento da tarifa entre Camaquã e Pelotas já representa um acréscimo de R$ 0,45 à saca de arroz: “Imagine quanto vai aumentar para escoar a produção até Porto Alegre”.

O vice-prefeito de Tapes, Eduardo Simcher, seguiu na mesma linha, alertando que o aumento do número de praças significa um golpe nos municípios da região, que trabalham para atrair novos investimentos: “Com mais pedágios, vamos riscar de nossas perspectivas a possibilidade de receber novas empresas e abrir novos postos de trabalho. Precisamos lutar contra este modelo”.

Um relatório com a síntese do debate ocorrido na audiência pública será encaminhado ao Ministério dos Transportes, à bancada federal gaúcha em Brasília e à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), junto com um pedido para que o órgão prorrogue o prazo de consultas públicas sobre a concessão.

Participaram os deputados federais Afonso Hamm (PP) e Pompeo de Mattos (PDT), deputada estadual Patrícia Alba (MDB) e deputado eleito Marcus Vinícius (PP), além do superintentende regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Hiratan Pinheiro Silva, prefeitos e vereadores de diversos municípios da região, além de representantes de entidades associativas.

(Marcello Campos)

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Rio Grande do Sul

Petróleo fecha em alta, com novas especulações sobre cortes
Maior vulcão ativo do mundo entra em erupção no Havaí após 40 anos
Pode te interessar
Baixe o app da TV Pampa App Store Google Play